S. Leão Magno (?-c.461), papa e doutor da Igreja: Homilia 51/38, sobre a Transfiguração.
Jesus queria armar os seus apóstolos com uma grande força de alma e uma constância que lhes permitissem pegar sem medo na sua própria cruz, apesar da sua rudeza. Ele queria também que eles não corassem do seu suplício, que não considerassem como uma vergonha a paciência com que devia sofrer a Sua Paixão tão cruel, sem perder em nada a glória do Seu poder. Jesus «pegou então em Pedro, Tiago e João, e subiu com eles para uma alta montanha», e aí manifestou o esplendor da Sua glória. Mesmo que tivessem percebido que a majestade divina estava nele, ignoravam ainda o poder que detinha esse corpo que escondia a divindade... O Senhor descobre pois a Sua glória diante de testemunhas que tinha escolhido, e sobre o Seu corpo, semelhante a todos os outros corpos, irradia um tal esplendor «que o Seu rosto pareceu brilhante como o sol e as Suas vestes brancas como a neve.» Sem dúvida esta transfiguração tinha acima de tudo como finalidade retirar do coração dos Seus discípulos o escândalo da cruz, não perturbar a fé deles com a humildade da Sua paixão voluntária..., mas essa revelação fundava também na Sua Igreja a esperança que devia sustentá-la. Todos os membros da Igreja, o seu corpo, compreenderiam assim que transformação iria operar-se neles um dia, uma vez que está prometido aos membros que participem da honra que resplandeceu na Cabeça. O próprio Senhor tinha dito, falando da majestade da sua segunda vinda: «Então os justos resplandecerão como o Sol no Reino de seu Pai» (Mt 13,43). E o apóstolo Paulo afirma, por seu lado: «Tenho como coisa certa que os sofrimentos do tempo presente não são comparáveis à glória que se deve revelar em nós» (Rom 8, 18)... Ele escreveu também: «Porque estais mortos com Cristo, e a vossa vida está escondida com Ele em Deus. Quando Cristo, que é a vossa vida, aparecer, então manifestar-vos-eis também com Ele, na Sua glória» (Col 3,3-4).
0 Comments:
Post a Comment
<< Home