Comentário ao Evangelho do dia feito por:

Thursday, June 08, 2006

S. Bernardo (1091-1153), monge de Cister e doutor da Igreja: Tratado do amor de Deus.

“Tu amarás o Senhor teu Deus com todo o teu
coração”
O primeiro e o maior mandamento é este: “amarás o Senhor teu Deus”. Mas a nossa natureza é fraca; e o nosso primeiro degrau no amor é o de nos amarmos a nós próprios, antes de qualquer outra coisa, por causa de nós próprios... Para nos impedir de resvalar muito por este declive, Deus deu-nos o preceito de amar o nosso próximo como a nós a mesmos... Ora, nós constatamos que isso não é possível sem Deus, sem reconhecer que tudo vem dele e que sem ele nada podemos. Neste segundo degrau, o homem volta-se para Deus, mas ainda o ama apenas por causa de si mesmo e não por ele...
No entanto, é preciso ter um coração de mármore ou de bronze, para não se ser tocado pelo auxílio que Deus nos dá quando nos voltamos para ele nas provações. Nas provações, é impossível não saborear como ele é bom (Sl 33,9). E em breve começamos a amá-lo mais por causa da doçura que nele encontramos do que por causa do nosso interesse... Quando estamos nessa situação, não é difícil amar o nosso próximo como a nós mesmos... Amamos os outros como somos amados, como Jesus Cristo nos amou. Eis o amor daquele que diz com o salmista: “Louvai o Senhor porque ele é bom” (Sl 117,1). Louvar o Senhor não porque ele é bom para nós, mas simplesmente porque ele é bom, amar Deus por Deus e não por nós próprios, é o terceiro degrau do amor.
Felizes os que puderam subir até ao quarto degrau do amor: só se amar a si mesmo com o amor de Deus... Quando é que a minha alma, voltada para o amor de Deus, esquecida de si própria, não se julgando mais do que um vaso quebrado, quando é que ela se lançará para Deus para se perder nele e não ser mais do que um mesmo espírito com ele? (1Cor 6,17). Quando poderá ela descrever-se: “A minha carne e o meu coração já desfalecem, mas o Senhor é para sempre a rocha do meu coração e a minha herança” (Sl 72, 26)? Santos e felizes, os que puderam experimentar qualquer coisa de semelhante durante esta vida mortal, mesmo que raramente, mesmo que uma única vez. Não é uma felicidade humana, é viver já no céu.


(FONTE: Disponível em: <http://evangelhoquotidiano.org/>. Acesso em: 08 jun. 2006.).

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