Comentário ao Evangelho do dia feito por:

Tuesday, February 28, 2006

Leão XIII, Papa de 1878 a 1903: Encíclica Rerum Novarum, 21.


«Neste tempo já, o cêntuplo; e no mundo que há-de vir, a vida eterna»
Estas doutrinas [sociais da Igreja] poderiam diminuir a distância que o orgulho se compraz em manter entre ricos e pobres, mas a simples amizade é ainda demasiado pouco: se se obedece aos preceitos do cristianismo é no amor fraterno que se operará a união. Em qualquer dos casos, saber-se-á e compreender-se-á que os homens absolutamente todos têm origem em Deus, seu Pai comum; que Deus é o seu fim único e comum, e que só Ele é capaz de comunicar aos anjos e aos homens uma felicidade perfeita e absoluta. Todos eles foram igualmente resgatados por Jesus Cristo e restabelecidos por Ele na sua dignidade de Filhos de Deus, e assim um verdadeiro laço de fraternidade os une, quer entre eles, quer a Cristo, seu Senhor que é «O primogénito de muitos irmãos» ( Rom 8, 29). Saberão enfim que todos os bens da natureza, todos os tesouros da graça, pertencem em comum e indistintamente a todo o género humano, e só os indignos são deserdados dos bens celestes «Se sois filhos, sois também herdeiros: herdeiros de Deus, co-herdeiros de Jesus Cristo» (Rm 8,17).

(FONTE: Disponível em: <http://evangelizo.org/>. Acesso em: 28 fev. 2006.).

Monday, February 27, 2006

Leão XIII, Papa de 1878 a 1903: Encíclica Rerum Novarum,20.


"Segue-me!"
Que os deserdados da sorte aprendam da Igreja que, segundo o julgamento do próprio Deus, a pobreza não é um opróbrio e que não é preciso corar por se ter de ganhar o pão pelo trabalho. É o que Jesus Cristo Nosso Senhor confirmou pelo Seu exemplo, ele que «sendo tão rico, se fez pobre» para salvação de todos os homens (2 Cor 8,9). Ele, o Filho de Deus e ele próprio Deus, quis passar aos olhos do mundo pelo filho de um operário; foi ao ponto de consumir uma grande parte da sua vida num trabalho remunerado. «Não é este o carpinteiro, o filho de Maria? (Mc 6,3)Quem tenha sob o olhar o modelo divino compreenderá que a verdadeira dignidade do homem e a sua excelência residem nos seus costumes, quer dizer na sua virtude; a virtude é o património comum dos mortais, ao alcance de todos, pequenos e grandes, pobres e ricos; só a virtudes e os méritos, onde quer que se encontrem, obterão a recompensa da beatitude eterna. Mais, é para as classes desafortunadas que o coração de Deus parece inclinar-se mais. Jesus Cristo chama aos pobres bem-aventurados (Lc 6, 20); Ele convida com amor todos aqueles que sofrem e que choram a virem a Ele, para os consolar (Mt 11, 28); Ele beija com uma caridade mais terna os pequenos e os oprimidos. Estas doutrinas são certamente bem feitas para humilhar a alma altiva do rico e o tornar mais compassivo, para elevar a coragem dos que sofrem e lhes inspirar confiança.

(FONTE: Disponível em: <http://evangelizo.org/>. Acesso em 27 fev. 2006.).

Sunday, February 26, 2006

Oitavo Domingo do Tempo Comum (semana III do saltério).


A liturgia do 8º Domingo Comum descreve, de forma veemente e apaixonada, o incondicional amor de Deus pela humanidade.
Na primeira leitura, o profeta Oseias usa a imagem do marido apaixonado para descrever o amor de Deus pelo seu Povo. É preciso, no entanto, dizer que o amor de Deus descrito por Oseias é tão absoluto que ultrapassa a pura lógica do amor humano: Deus ama sem condições e em todas as circunstâncias (até mesmo quando o Povo recusa o amor de Deus e percorre caminhos de infidelidade).
No Evangelho, Jesus apresenta-se a si próprio como \"o noivo\"Deus que vem ao encontro da sua \"noiva\"/Povo para inaugurar os tempos novos da Aliança e da salvação definitivas. Os discípulos (os \"amigos do noivo\") são aqueles que acolhem Jesus, que o acompanham e que se sentam com ele à mesa do banquete do Reino. Membros da comunidade da salvação, os \"amigos\" de Jesus vivem na alegria e na festa.
A segunda leitura apresenta-nos o exemplo de um discípulo apaixonado por Cristo - Paulo. Dessa \"paixão\" nasce um compromisso firme com Cristo e uma vontade incontornável de testemunhar o \"Reino\". Por isso, não são significativos, para Paulo, os riscos que corre, as oposições que tem de vencer, as calúnias dos inimigos, os jogos de bastidores dos adversários; só lhe interessa que a proposta de Cristo chegue a todos os homens.
cf. http://www.ecclesia.pt/

(FONTE: Disponível em: <http://evangelizo.org/>. Acesso em: 26 fev. 2006.).

Saturday, February 25, 2006

Santa Teresa do Menino Jesus (1873-97), carmelita, doutora da Igreja: Manuscrito autobiográfico.


"Deixai vir a mim as criancinhas"
Sabeis, ó minha Madre, como sempre desejei ser santa; mas, pobre de mim!, notei sempre, quando me comparei aos santos, que há, entre eles e eu, a mesma diferença que existe entre uma montanha cujo cimo se perde nos céus e o grão de areia pisado pelos pés dos transeuntes. Em vez de me desencorajar, disse para mim mesma: Deus não seria capaz de inspirar desejos irrealizáveis: portanto, apesar da minha pequenez, posso aspirar à santidade. Fazer-me crescer é impossível; tenho de me suportar tal como sou, com todas as minhas imperfeições. Mas quero procurar o meio para ir para o céu por um caminho pequeno, bem direito, bem curto, um caminhito totalmente novo.
Estamos num século de invenções; agora já nem é preciso subir os degraus de uma escada; na casa dos ricos, o elevador substitui-a com vantagem. O que eu queria era encontrar um ascensor que me elevasse até Jesus, porque sou muito pequena para subir a escada íngreme da perfeição. Então procurei nos Livros Sagrados a indicação do elevador, objecto do meu desejo; e li estas palavras saídas da boca da Sabedoria eterna: "Se alguém for muito pequeno, que venha até mim" (Pr 9,4).
E eu fui, adivinhando que tinha encontrado o que procurava. Querendo saber, ó meu Deus, o que faríeis vós ao pequenino que respondesse ao vosso apelo, continuei a minha procura e eis o que encontrei: "Tal como uma mãe acaricia o seu filho, assim eu vos consolarei; e pegar-vos-ei ao colo e embalar-vos-ei em cima dos meus joelhos" (Is 66,13). Ah! nunca palavras mais ternas, mais melodiosas tinham vindo alegrar a minha alma: o ascensor que me há-de elevar até ao céu, são os vossos braços, oh Jesus! Para isso, não preciso de crescer; pelo contrário, tenho de ficar pequena, de tornar-me cada vez mais pequena. Oh meu Deus, vós ultrapassastes toda a minha expectativa! Eu quero "cantar as vossas misericórdias"! (Sl 88,2 vulg)
(FONTE: Disponível em: <http://evangelizo.org/>. Acesso em: 25 fev. 2006.).

Friday, February 24, 2006

Jacques de Saroug (cerca 449-521), monge e bispo sírio: Homília sobre o sexto dia.


“Os dois serão uma só carne”
“Façamos o homem à nossa imagem e semelhança”, disse Deus (Gn 1,26). Uma simples ordem fez surgir os outros seres da criação: “Que se faça luz!” ou “Haja um firmamento!”. Desta vez, Deus não disse: “Que haja o homem”, mas disse: “Façamos o homem”. Com efeito, ele achava conveniente dar forma com as suas próprias mãos a esta imagem de si próprio, superior a todas as outras criaturas. Esta obra era-lhe particularmente próxima; ele tinha-lhe um grande amor... Adão é a imagem de Deus porque traz a efígie do Filho único...
Dum certo modo, Adão foi criado simultaneamente singelo e duplo; Eva encontrava-se escondida nele. Antes mesmo deles existirem, a humanidade estava destinada ao casamento, que os levaria, homem e mulher, a um só corpo, como no início. Nenhuma querela, nenhuma discórdia, se devia levantar entre eles. Teriam um mesmo pensamento, uma mesma vontade... O Senhor formou Adão do pó e da água; quanto a Eva, tirou-a da carne, dos ossos e do sangue de Adão (Gn 2,21). O profundo sono do primeiro homem antecipa os mistérios da crucifixão. A abertura do lado era o golpe de lança suportado pelo Filho único; o sono, a morte na cruz; o sangue e a água, a fecundidade do baptismo (Jo 19,34)... Mas a água e o sangue que correram do lado do Salvador são a origem do mundo do Espírito...
Adão não sofreu com a amputação feita na sua carne; o que lhe foi subtraído foi-lhe restituído, transfigurado pela beleza. O sopro do vento, o murmúrio das árvores, o canto dos pássaros chamava os noivos: “Levantai-vos, já dormistes o suficiente! A festa nupcial espera-vos!”... Adão viu Eva a seu lado, aquela que era a sua carne e os seus ossos, a sua filha, a sua irmã, a sua esposa. Levantaram-se, envoltos numa veste de luz, no dia que lhes sorria. Estavam no Paraíso.


(FONTE: Disponível em: <http://evangelizo.org/>. Acesso em: 24 fev. 2006.).

Thursday, February 23, 2006

S. João Crisóstomo (cerca 345-407), bispo de Antioquia e de Constantinopla, doutor da Igreja: Sermão sobre o diabo tentador.


Caminhos para entrar na vida eterna
Quereis que vos indique os caminhos da conversão? São numerosos, variados e diferentes, mas todos conduzem ao céu. O primeiro caminho da conversão é a condenação das nossas faltas. “Aviva a tua memória, entremos em juízo; fala para te justificares!” (Is 43,26). E é por isso que o profeta dizia: “Eu disse: «confessarei os meus erros ao Senhor» e Vós perdoastes a culpa do meu pecado” (Sl 31,5). Condena pois, tu próprio, as faltas que cometeste, e isso será suficiente para que o Senhor te atenda. Com efeito, aquele que condena as suas faltas, tem a vantagem de recear tornar a cair nelas...
Há um segundo caminho, não inferior ao referido, que é o de não guardar rancor aos nossos inimigos, de dominar a nossa cólera para perdoar as ofensas dos nossos companheiros, porque é assim que obteremos o perdão das que nós cometemos contra o Mestre; é a segunda maneira de obter a purificação das nossas faltas. “Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também o vosso Pai celeste vos perdoará a vós” (Mt 6,14).
Queres conhecer o terceiro caminho da conversão? É a oração fervorosa e perseverante que tu farás do fundo do coração... O quarto caminho, é a esmola; ela tem uma força considerável e indizível... Em seguida, a modéstia e a humildade não são meios inferiores para destruir os pecados pela raiz. Temos como prova disso o publicano que não podia proclamar as suas boas acções, mas que as substituiu todas pela oferta da sua humildade e entregou assim o pesado fardo das suas faltas (Lc 18,9s).
Acabamos de indicar cinco caminhos de conversão... Não fiques pois inactivo, mas em cada dia utiliza todos estes caminhos. São caminhos fáceis e tu não podes usar a tua miséria como desculpa.


(FONTE: Disponível em: <http://evangelizo.org/>. Acesso em: 23 fev. 2006)

Wednesday, February 22, 2006

Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona ( Norte de Áfica) e doutor da Igreja: Sermão 190.


«Chamar-te-ás Pedro» (Jo 1,42)
«Tu és Pedro, e sobre esta pedra eu edificarei a minha Igreja». Este nome de Pedro foi-lhe dado porque foi ele o primeiro a assentar entre as nações os fundamentos da fé e porque ele é o rochedo indestrutível sobre o qual repousam os alicerces e o conjunto do edifício de Jesus Cristo. Foi pela sua fidelidade que ele se chamou Pedro, enquanto que o Senhor recebe esse mesmo nome pelo poder, segundo a palavra de S. Paulo: «Eles bebiam água da pedra espiritual que os seguia, e essa pedra é Jesus Cristo» (1 Cor 10,4). Sim, ele merecia partilhar um mesmo nome com Cristo, o apóstolo escolhido para ser o cooperador da Sua obra, Construíram o mesmo edifício. É Pedro que planta, é o Senhor que faz crescer, é o Senhor que também envia aqueles que deverão regar (cf 1 Cor 3,6s).
Vós sabeis, irmãos muito amados, foi a partir dos próprios erros, no momento em que sofria o Salvador, que o bem-aventurado Pedro foi elevado. Foi depois de ter negado o Senhor, que se tornou o primeiro junto dEle. Mais fiel chorando sobre a fé que traíra, recebeu uma graça ainda maior do que aquela que tinha perdido. Cristo confiou-lhe o Seu rebanho para que o conduzisse como o bom pastor e, ele que tinha sido tão fraco, tornava-se agora o sustentáculo de tudo. Ele, que interrogado acerca da sua fé sucumbira, tinha de estabelecer os outros sobre os fundamentos inabaláveis da fé. Por isso é chamado a pedra fundamental da devoção das igrejas.


(FONTE: Disponível em: <http://evangelizo.org/www/popup-saints.php?language=PT&id=10321&fd=0>. Acesso em: 22 fev. 2006.)

Tuesday, February 21, 2006

S. Siluane (1866-1938), monge ortodoxo: Escritos espirituais.


«O que discutíeis vós pelo caminho?»
Ó humildade de Jesus Cristo! Dás uma alegria indescritível à alma. Tenho sede de Ti, porque em ti a alma esquece a terra e eleva-se mais ardentemente para Deus. Se o mundo compreendesse o poder das palavras de Cristo: «Aprendam de mim a doçura da humildade» (cf Mat 11,29), deixaria de lado qualquer outra ciência, para adquirir esse conhecimento celeste.
Os homens não conhecem a força da humildade de Cristo; e desejam as coisas da terra. Mas o homem não pode chegar ao poder destas palavras do Senhor sem o Espírito Santo. Quem os penetrou nunca mais os abandona, mesmo se todos os tesouros do mundo lhe fossem oferecidos... Aquele que saboreou este amor de Deus infinitamente doce não pode pensar mais nas coisas da terra; sente-se atraído sem cessar por esse amor.
Mas nós perdemo-lo pelo nosso orgulho e pela nossa vaidade, pelas nossas inimizades e pelos nossos juizos em relação aos irmãos; abandonamo-lo pelos nossos pensamentos cúpidos e pela nossa propensão para a terra. Então a graça abandona-nos, e a alma perturbada, deprimida, deseja Deus e chama-O, como Adão expulso do Paraíso. A minha alma definha e busco-Te em lágrimas! Vê a minha aflição, ilumina as minhas trevas para que a minha alma esteja em alegria! Senhor, dá-me a Tua humildade, para que o Teu amor esteja em mim, e em mim viva o Teu temor.
(FONTE: Disponível em: <http://evangelizo.org/>. Acesso em: 21 fev. 2006)

Monday, February 20, 2006

Catecismo da Igreja Católica: § 153-155.


A fé é uma graça:
Quando S. Pedro confessa que Jesus é Cristo, o Filho do Deus vivo, Jesus declara que esta revelação não lhe veio "da carne nem do sangue, mas do seu Pai que está nos céus" (Mt 16,17). A fé é um dom de Deus, uma virtude sobrenatural que ele mesmo infunde. "Para guardar esta fé, o homem precisa da graça constante e auxiliadora de Deus, bem como das ajudas interiores do Espírito Santo. Este toca o coração e volta-o para Deus, abre os olhos do espírito e dá a todos o suave presente de consentir e acreditar na verdade" (Vaticano II, DV).
A fé é um acto humano:Acreditar só é possível pela graça e pelas ajudas interiores do Espírito Santo. Mas é igualmente verdadeiro que acreditar é um acto autenticamente humano. Não é contrário nem à liberdade nem à inteligência do homem confiar em Deus e aderir às verdades por ele reveladas. Já nas relações humanas, não é contrário à nossa própria dignidade acreditar no que outras pessoas nos dizem sobre si mesmas e sobre as suas intenções e confiar nas suas promessas (como, por exemplo, quando um homem e uma mulher se casam), para entrar assim em comunhão mútua. Dessa forma, é ainda menos contrário à nossa dignidade "apresentar pela fé a plena submissão da nossa inteligência e da nossa vontade ao Deus que se revela" (Vaticano II) e entrar assim em íntima comunhão com ele.
Na fé, a inteligência e a vontade humanas cooperam com a graça divina: "Acreditar é um acto da inteligência que adere à verdade divina sob as ordens da vontade movida por Deus por meio da graça" (S. Tomás de Aquino).

(FONTE: Disponível em: <http://evangelhoquotidiano.org/>. Acvesso em: 20 fev. 2006.)

Sunday, February 19, 2006

S. Pedro Crisólogo (cerca de 406 - 450), bispo de Ravena, doutor da Igreja: Sermão 50.


"Quem pode perdoar os pecados senão Deus?"

Meu filho, os teus pecados te são perdoados". Com estas palavas, ele queria ser reconhecido como Deus, numa altura em que se escondia ainda aos olhos humanos sob o aspecto de um homem. Pelas suas manifestações de poder e pelos seus milagres, comparavam-no aos profetas; contudo, tinha sido graças a ele e ao seu poder que também eles tinham operado milagres. Conceder o perdão dos pecados não está no poder de um homem: é a marca própria de Deus. Foi assim que ele introduziu a sua divindade nos corações humanos. E é isso que torna os Fariseus loucos de raiva. Proclamam: "Está a blasfemar! Quem pode perdoar os pecados senão Deus?"
Ó Fariseu, tu julgas saber tudo e não passas de um ignorante! Julgas celebrar a divindade e estás a negá-la! Julgas prestar testemunho e agrides! Se só Deus perdoa os pecados, porque não admites a divindade de Cristo? Uma vez que pôde perdoar um único pecado, isso quer dizer que ele apagou os pecados do mundo inteiro. "Eis o cordeiro de Deus, eis o que tira o pecado do mundo" (Jo 1,29). Para poderes penetrar mais marcas da sua divindade, escuta-o. Sim, ele penetrou o mistério do teu coração. Olha-o; ele chegou até ao mais profundo dos teus pensamentos. Entende que ele revela as intenções secretas do teu coração.


(FONTE: Disponível em: <http://www.evangelhoquotidiano.org/>. Acesso em: 19 fev. 2006)

Saturday, February 18, 2006

Anastácio do Sinai (' - depois de 700), monge: Homilia para a Transfiguração.


O mistério da crucifixão e a beleza do Reino de Deus
Esta montanha da Transfiguração é o sítio dos mistérios, o lugar das realidades inefáveis, o rochedo dos segredos escondidos, o alto dos céus. Foram aqui revelados os segredos do Reino futuro: o mistério da crucifixão, a beleza do Reino de Deus, a descida de Cristo aquando da sua segunda vinda na glória. Sobre esta montanha a núvem luminosa cobre o esplendor dos justos; os bens do tempo futuro realizam-se já. A núvem que envolve a montanha prefigura o arrebatamento dos justos aos céus; mostra-nos já hoje o nosso aspecto futuro, a nossa configuração a Cristo...
Enquanto caminhava no meio dos discípulos, Jesus tinha falado com eles acerca do seu reino e da sua segunda vinda na glória. Mas, porque talvez eles não tivessem ficados suficientemente certos do que lhes tinha anunciado a propósito do reino, quis que se convencessem totalmente no fundo do seu coração e que os acontecimentos do presente os ajudassem a acreditar nos acontecimentos futuros. Por isso, no Monte Tabor, fez-lhes ver aquela maravilhosa manifestação divina, como uma imagem prefigurativa do Reino dos céus. É como se lhes dissesse: "Para que a demora não provoque a vossa incredulidade, em breve, agora mesmo, 'eu vo-lo digo em verdade: alguns dos que estão aqui' e que me escutam 'não conhecerão a morte sem que tenham visto vir o Filho do homem na glória do seu Pai' (Mt 16,28)". "Seis dias depois, Jesus toma consigo Pedro, Tiago e João e leva-os à parte ao alto de uma montanha. E foi transfigurado diante deles"...
"Como é terrível este lugar: é a casa de Deus e a porta do Céu" (Gn 28,17). É para lá que nos devemos apressar.


(FONTE: Disponível em: <http://evangelizo.org/>. Acesso em: 18 fev. 2006)

Friday, February 17, 2006

Cardeal Joseph Ratzinger [Papa Bento XVI]: Um só Senhor.


"Siga-me!"
Os sacramentos da Igreja são, tal como a própria Igreja, o fruto do grão de trigo que morre (Jo 12,24). Para os receber, devemos entrar no dinamismo de onde eles mesmos provêm. Esse dinamismo consiste em perdermo-nos para nós próprios, sem o que nunca nos encontraremos: "Quem quiser guardar a vida, perdê-la-á; mas quem a perder por causa de mim e do Evangelho, esse a guardará". Esta palavra do Senhor é a fórmula fundamental de uma vida cristã. Acreditar, em definitivo, é dizer "sim" a essa santa aventura da "perda de si mesmo"; na sua essência, a fé não é outra coisa senão o verdadeiro amor. Assim, a forma característica da vida cristã vem-lhe da cruz. A abertura cristã ao mundo, tão falada nos nossos dias, só pode encontrar o verdadeiro modelo no lado aberto do Senhor (Jo 19,34), expressão deste amor radical, o único capaz de salvar.
(FONTE: Disponível em: <http://evangelizo.org/>. Acesso em: 17 fev. 2006)

Thursday, February 16, 2006

S. João da Cruz (1542-1591), carmelita, doutor da Igreja: Cântico Espiritual.


"Os teus pensamentos não são os de Deus"
A profundidade da sabedoria e da ciência de Deus é imensa, a tal ponto que a alma, ainda que numa certa medida lhe reconheça as maravilhas, pode sempre penetrar ainda mais longe. Perante estas riquezas incalculáveis, S. Paulo lançava este grito de admiração: "Oh profundidade dos tesouros da sabedoria e da ciência de Deus! Como são incompreensíveis os seus juízos e impenetráveis os seus caminhos!" (Ro 11,33)
A alma deseja ardentemente mergulhar cada dia mais nestas divinas profundezas, neste abismo imprescrutável dos juízos e dos caminhos de Deus; conhecê-los é um gozo inestimável que ultrapassa qualquer sentimento... Oh! se se compreendesse como é impossível... possuir estes imensos tesouros sem passar pelo sofrimento! Com que ardor a alma desejaria a graça de sofrer a cruz! Com que consolação, com que alegria ela a acolheria para poder entrar nos segredos dessa sabedoria divina!... Porque a porta que introduz nos tesouros da sabedoria é tanto mais estreita (Mt 7,13) que não é outra senão a própria cruz. Um grande número de almas, é certo, aspira a gozar das delícias que ela nos dá; mas bem poucas há que desejem passar pela única porta que aí conduz.


(FONTE: Disponível em: <http://evangelizo.org/>. Acesso em 16 fev. 2006.)

Wednesday, February 15, 2006

S. Gregório de Nissa (cerca de 335 - 395), monge e bispo: Homilias sobre as Bem-aventuranças.


"Verão a Deus"
A impressão que se tem quando lançamos os olhos sobre a imensidão do mar é a mesmo que o meu espírito experimenta quando, do alto das palavras escarpadas do Senhor, tal como do cimo de uma falésia, eu contemplo o seu abismo infinito. A minha alma experimenta a vertigem diante desta palavra do Senhor: "Felizes os que têm o coração puro, porque verão a Deus" (Mt 5,8). Deus oferece-se ao olhar dos que têm o coração puro. Ora "nunca ninguém viu Deus" (Jo 1,18), diz S. João. E S. Paulo confirma esta ideia ao falar daquele que "nenhum de entre os homens viu nem pode ver" (1 Tm 6,16). Deus é aquele rochedo abrupto e aguçado, que não oferece a menor hipótese à nossa imaginação. Também Moisés lhe chamava o Inacessível: "Ninguém, diz ele, pode ver o Senhor e viver" (Ex 33,20). Mas como então? A vida eterna é a visão de Deus e estes pilares da nossa fé certificam-nos que ela é impossível?! Que abismo!... Se Deus é a vida, aquele que o não vê também não vê a vida...
Ora o Senhor estimula a nossa esperança. Não deu ele uma prova disso em relação a Pedro? Debaixo dos pés desse discípulo que quase se afogava, ele firmou e endureceu as ondas do mar (Mt 4,30). Será que a mão do Verbo se estenderá também sobre nós, que somos submergidos nestes abismos, será que ela nos tornará firmes? Podemos então confiar, porque seremos firmemente dirigidos pela mão do Verbo.
Felizes os que têm o coração puro, porque verão a Deus". Uma tal promessa ultrapassa as nossas maiores alegrias; depois dessa felicidade que outra poderíamos desejar?... Aquele que vê a Deus possui, com esta visão, todos os bens imagináveis: uma vida sem fim, uma incorruptibilidade perpétua, uma alegria inesgotável, um poder invencível, delícias eternas, uma luz verdadeira, as suaves palavras do espírito, uma glória incomparável, um júbilo jamais interrompido, todos os bens, enfim. Que grandes e belas esperanças nos oferece pois esta bem-aventurança!
(FONTE: Disponível em: <http://evangelizo.org/>. Acesso em: 15 fev. 2006)

Tuesday, February 14, 2006

Santo Hilário (cerca de 315 - 367), bispo de Poitiers e doutor da Igreja: Tratado sobre a Trindade.


"Não compreendeis ainda? Tendes os vossos corações cegos?"
Pai, Deus todo-poderoso, é a ti que devo consagrar a principal ocupação da minha vida. Que todas as minhas palavras e pensamentos se ocupem de ti. Porque somos pobres, pedimos aquilo que nos falta; faremos um esforço desmedido para entender as palavras dos teus profetas e dos teus apóstolos, bateremos a todas as portas que nos dêem acesso a uma compreensão que nos está vedada.
Mas é a ti que cabe atender o nosso pedido, conceder o que procuramos, abrir a porta fechada. Na verdade, vivemos numa espécie de torpor por causa do nosso adormecimento natural; estamos impedidos de compreender os teus mistérios por uma ignorância invencível devida à fraqueza do nosso espírito.
Mas o zelo pelos teus ensinamentos fortalece a nossa percepção da ciência divina e a obediência da fé nos ergue acima da nossa capacidade natural para conhecer. Esperamos, assim, que tu estimules os começos desta difícil empresa, que a fortaleças com um sucesso crescente, que a chames a partilhar o espírito dos profetas e dos apóstolos. Quereríamos compreender as suas palavras no sentido com que eles as pronunciaram e empregar os termos exactos para transmitir fielmente as realidades que eles exprimiram. Concede-nos o sentido exacto das palavras, a luz da inteligência, a elevação da linguagem, a ortodoxia da fé; aquilo em que acreditamos, concede-nos que também o afirmemos.

(FONTE: Disponível em: <http://evangelizo.org/>. Acesso em: 14 fev. 2006)

obs: Comentário ao Evangelho publicado com atraso porque o Ars Dei (todos) estava participando da festa em honra de Nossa Senhora de Lourdes, no município de Eldorado do Sul, onde não dispunhamos de Internet.

Santo [Padre] Pio de Pietrelcina (1887-1968), capuchinho: Um Pensamento.


“Porque é que esta geração pede um sinal?”: Acreditar mesmo na obscuridade
O Espírito Santo diz-nos: Não deixeis o vosso espírito sucumbir à tentação e à tristeza porque a alegria do coração é a vida da alma. A tristeza não serve para nada e cria a morte espiritual.
Acontece por vezes que as trevas da prova oprimem o céu da vossa alma; mas elas são luz! É graças a elas que vós credes na obscuridade; o espírito sente-se perdido, receoso por já não ver, por já nada compreender. Mas é nesse momento que o Senhor fala e se torna presente à alma; e esta escuta, compreende e ama no temor de Deus. Para “ver” Deus, não espereis pois pelo Tabor (Mt 17,1) quando já o contempláveis no Sinai (Ex 24,18).
Progredi na alegria de um coração sincero e de grande abertura. E se vos é impossível conservar esta alegria, pelo menos não perdeis a coragem e conservai toda a vossa confiança em Deus.

(FONTE: Disponível em: <http://evangelizo.org/>. Acesso em: 14 fev. 2006)

obs: Comentário ao Evangelho publicado com atraso porque o Ars Dei (todos) estava participando da festa em honra de Nossa Senhora de Lourdes, no município de Eldorado do Sul, onde não dispunhamos de Internet.

S. Pascácio Radbert (? - cerca 849), monge beneditino: Comentário ao Evangelho de Mateus.


“Quero, fica limpo”
O Senhor cura em cada dia a alma de todo o homem que lhe implora, o adora piedosamente e proclama com fé estas palavras: “ Senhor, se quiseres, podes limpar-me”, e isto, seja qual for o número das suas faltas. “Porque com o coração se crê para alcançar a justiça” (Rom 10,10). Devemos pois dirigir a Deus os nossos pedidos com toda a confiança, sem a mais pequena dúvida do seu poder... É esta a razão pela qual o Senhor responde tão prontamente ao leproso que lhe suplica: “Quero”. Porque, assim que o pecador começa a rezar com fé, a mão do senhor põe-se a tratar da lepra da sua alma...
Este leproso dá-nos um óptimo conselho acerca do modo de rezar. Ele não duvida da vontade do Senhor, porque isso seria recusar a sua bondade. Mas, consciente da gravidade das suas faltas, ele não quer conjecturar acerca desta vontade. Ao dizer que o Senhor, se quiser, o pode limpar, ele afirma que este poder pertence ao Senhor, ao mesmo tempo que afirma a sua fé... Se a fé é fraca, ela deve primeiro ser fortalecida. Porque só então é que ela revelará toda a sua força para obter a cura da alma e do corpo.
É sem dúvida alguma desta fé que fala o apóstolo Pedro quando diz: “purificou os seus corações pela fé” (Ac 15,9)... A fé pura, vivida no amor, mantida pela perseverança, paciente na espera, humilde na sua afirmação, firme na sua confiança, cheia de respeito na sua prece e de sabedoria naquilo que pede, está segura de ouvir em qualquer circunstância esta palavra do Senhor: “Quero”.
(FONTE: Disponível em: <http://evangelizo.org/>. Acesso em: 14 fev. 2006)
obs: Comentário ao Evalgelho publicado com atraso porque o Ars Dei (todos) estava participando da festa em honra de Nossa Senhora de Lourdes, no município de Eldorado do Sul, onde não dispunhamos de Internet.

S. Pascácio Radbert (? - cerca 849), monge beneditino: Comentário ao Evangelho de Mateus.

“Quero, fica limpo”
O Senhor cura em cada dia a alma de todo o homem que lhe implora, o adora piedosamente e proclama com fé estas palavras: “ Senhor, se quiseres, podes limpar-me”, e isto, seja qual for o número das suas faltas. “Porque com o coração se crê para alcançar a justiça” (Rom 10,10). Devemos pois dirigir a Deus os nossos pedidos com toda a confiança, sem a mais pequena dúvida do seu poder... É esta a razão pela qual o Senhor responde tão prontamente ao leproso que lhe suplica: “Quero”. Porque, assim que o pecador começa a rezar com fé, a mão do senhor põe-se a tratar da lepra da sua alma...
Este leproso dá-nos um óptimo conselho acerca do modo de rezar. Ele não duvida da vontade do Senhor, porque isso seria recusar a sua bondade. Mas, consciente da gravidade das suas faltas, ele não quer conjecturar acerca desta vontade. Ao dizer que o Senhor, se quiser, o pode limpar, ele afirma que este poder pertence ao Senhor, ao mesmo tempo que afirma a sua fé... Se a fé é fraca, ela deve primeiro ser fortalecida. Porque só então é que ela revelará toda a sua força para obter a cura da alma e do corpo.
É sem dúvida alguma desta fé que fala o apóstolo Pedro quando diz: “purificou os seus corações pela fé” (Ac 15,9)... A fé pura, vivida no amor, mantida pela perseverança, paciente na espera, humilde na sua afirmação, firme na sua confiança, cheia de respeito na sua prece e de sabedoria naquilo que pede, está segura de ouvir em qualquer circunstância esta palavra do Senhor: “Quero”.
(FONTE: Disponível em: <http://evangelizo.org/>. Acesso em: 14 fev. 2006)

Saturday, February 11, 2006

S. João Crisóstomo (c. 345-407), bispo de Antioquia depois de Constantinopla, doutor da Igreja: Homilias sobre S. Mateus.


O nosso pastor dá-se a si próprio como alimento
«Quem poderá dizer as proezas do Senhor? Quem fará ressoar todo o Seu louvor?» (Sl 106,2). Que pastor alimentou alguma vez as suas ovelhas com o seu próprio corpo? Mas que digo eu, um pastor? Muitas vezes as mães confiam os seus filhos a amas, desde que nascem. Mas Jesus não pode aceitar isso para as suas ovelhas; alimenta-nos Ele mesmo com o Seu próprio sangue, e assim faz-nos ser um só corpo com Ele.
Considerai, meus irmãos, que Cristo nasceu da nossa própria substância humana. Mas, direis, que importa isso? Isso não diz respeito a todos os homens. Perdão, meu irmão, é para proveito de todos eles. Se Ele se fez homem, se veio tomar a nossa natureza, isso diz respeito à salvação de todos os homens. E, se Ele veio para todos, veio também para cada um em particular. Direis talvez: Então por que é que nem todos os homens receberam o fruto que deveriam obter dessa vinda? Não acuseis Jesus que escolheu esse meio para salvação de todos; o erro está naqueles que rejeitam esse benefício. Uma vez que na Eucaristia Jesus Cristo se une a cada um dos seus fiéis, fá-los renascer, alimenta-os de Si próprio, não os abandona a outrem e assim convence-os, uma vez mais, de que tomou verdadeiramente a nossa carne.

FONTE: Disponível em: <http://evangelhoquotidiano.org/>. Acesso em: 11 fev. 2006.

Friday, February 10, 2006

Santo Efrem (c. 306-373), diácono na Síria, doutor da Igreja: Sermão “sobre nosso Senhor», 10-11.


«Pôs-lhe os dedos nas orelhas e...tocou-lhe a língua»
A força divina que o homem não pode tocar desceu, envolveu-se no corpo palpável, para que os pobres a toquem e, tocando a humanidade de Cristo, percebam a Sua divindade. Através dos dedos de carne, o surdo-mudo sentiu que tocavam as suas orelhas e a sua língua. Através dos dedos palpáveis, percebeu a divindade intocável, quando o freio da sua língua se rompeu e as portas fechadas das suas orelhas se abriram. É que o arquitecto e artesão do corpo veio até ele e, com uma palavra doce, sem dor, criou aberturas em orelhas surdas; E então, de igual modo, aquela boca fechada, até aí incapaz de dar à luz a palavra, deitou ao mundo o louvor daquele que assim fazia dar fruto a sua esterilidade.
Da mesma forma, o Senhor fez lama com a Sua saliva e espalhou-a nos olhos do cego de nascença (Jo 9,6) para nos levar a compreender que alguma coisa lhe faltava, como ao surdo-mudo. Uma imperfeição inata da nossa massa humana foi suprimida, graças ao fermento que vem do Seu corpo perfeito... Para preencher o que faltava àqueles corpos humanos, deu alguma coisa de Si mesmo, tal como se dá a comer [na Eucaristia]. É por este meio que Ele faz desaparecer os defeitos e ressuscita os mortos, para que possamos reconhecer que, graças ao seu corpo «onde mora a plenitude da divindade» (Col 2,9), os defeitos da nossa humanidade são colmatados e a verdadeira vida é dada aos mortais por esse corpo onde habita a verdadeira vida.

FONTE: Disponível em: <http://evangelhoquotidiano.org/>. Acesso em: 10 fev. 2006.

Thursday, February 09, 2006

Concílio Vaticano II: Declaração sobre a Igreja e as religiões não cristãs "Noatra Aetate", 1-2.


"Aquela mulher era pagã"
Hoje, que o género humano se torna cada vez mais unido, e aumentam as relações entre os vários povos, a Igreja considera mais atentamente qual a sua relação com as religiões não-cristãs. E, na sua função de fomentar a união e a caridade entre os homens e até entre os povos, considera primeiramente tudo aquilo que os homens têm de comum e os leva à convivência.
Com efeito, os homens constituem todos uma só comunidade; todos têm a mesma origem, pois foi Deus quem fez habitar em toda a terra o inteiro género humano; têm também todos um só fim último, Deus, que a todos estende a sua providência, seus testemunhos de bondade e seus desígnios de salvação até que os eleitos se reunam na cidade santa, iluminada pela glória de Deus e onde todos os povos caminharão na sua luz. Os homens esperam das diversas religiões resposta para os enigmas da condição humana, os quais, hoje como ontem, profundamente preocupam seus corações...
Todas as religiões que existem no mundo procuram de vários modos ir ao encontro das inquietações do coração humano, propondo caminhos, isto é, doutrinas e normas de vida e também ritos sagrados.
A Igreja católica nada rejeita do que nessas religiões existe de verdadeiro e santo. Olha com sincero respeito esses modos de agir e viver, esses preceitos e doutrinas que, embora se afastem em muitos pontos daqueles que ela própria segue e propõe, todavia, reflectem não raramente um raio da verdade que ilumina todos os homens. No entanto, ela anuncia, e tem mesmo obrigação de anunciar incessantemente Cristo, «caminho, verdade e vida» (Jo. 14,6), em quem os homens encontram a plenitude da vida religiosa e no qual Deus reconciliou consigo todas as coisas.
[Referências bíblicas: Ac 17,26; Sb 8,1; Ac 14,17; 1Tm 2,4; Ap 21,23; Jo 14,6; 2Co 5,18-19]
FONTE: Disponível em: <http://evangelizo.org/>. Acesso em: 09 fev. 2006)

Wednesday, February 08, 2006

Santo Isaac, o Sírio (séc. VII), monge em Nínive, perto de Mossul no actual Iraque: Disxcursos Espirituais, 1ª série.


"Cria em mim, ó Deus, um coração puro" (Sl 50,12)
Está dito que só a ajuda de Deus salva. Quando um homem sabe que não há mais nenhum socorro, reza muito. E, quanto mais reza, mais o seu coração se torna humilde, porque não se pode rezar e pedir sem se ser humilde. "Não desprezarás, ó Deus, um coração oprimido e humilhado" (Sl 50,19). Com efeito, enquanto o coração não se torna humilde, é-lhe impossível escapar à dispersão; a humildade faz o coração virar-se sobre si mesmo.
Quando o homem se torna humilde, imediatamente a compaixão o envolve e o seu coração sente então o socorro divino. Descobre que nele sobe uma força, a força da confiança. Quando o homem sente assim o socorro de Deus, quando sente que Ele está ali e vem em sua ajuda, imediatamente o seu coração fica cheio de fé e compreende então que a oração é o refúgio do socorro, a fonte da salvação, o tesouro da confiança, o porto livre da tempestade, a luz dos que estão nas trevas, o amparo dos fracos, o abrigo no tempo da provação, a ajuda no auge da doença, o escudo que defende nos combates, a flecha lançada contra o inimigo. Numa palavra, a abundância dos bens entra nele pela oração. Doravante tem as suas delícias na oração da fé. O seu coração irradia confiança.
(FONTE: Disponível em: <http://evangelhoquotidiano.org/>. Acesso em: 08 fev. 2006.).

Tuesday, February 07, 2006

Imitação de Jesus Cristo, tratado espiritual do século XV.


"Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim"
Por vezes, não nos apercebemos de quanto somos cegos. Agimos mal e damos as piores desculpas. Somos frequentemente movidos pela paixão e tentamos fazer passar isso por zelo. Notamos pequenas faltas nos outros e permitimo-nos algumas bem mais graves. Estamos prontos a apontar e a condenar os erros dos outros mas não reparamos naquilo que lhes fazemos suportar. Quem se julgasse a si mesmo com equidade não teria coragem para julgar severamente os outros. Um cristão toma conta em primeiro lugar da sua própria vida e quem se vigia atentamente guarda-se bem de criticar depois a conduta dos outros. Nunca serás verdadeiramente um homem interior se não te esforçares por te calar a propósito do teu próximo para te ocupares principalmente de ti... Quem ama Deus dá pouca importância a tudo o que está abaixo de Deus, porque só Deus, eterno, imenso, que tudo preenche, é o reconforto da alma e a verdadeira alegria do coração...O teu repouso será tranquilo se o teu coração não te acusar de nada; não procures outra alegria senão a de ter feito o bem. Os maus nunca conhecerão a verdadeira alegria; não possuirão a paz interior porque "não há paz para os ímpios" (Is 57,21)... Os que têm a consciência pura serão facilmente calmos e felizes. Não te tornarás mais santo por te louvarem, nem mais vil por te caluniarem. Permanecerás o que és; tudo o que puderem dizer de ti não te fará parecer maior aos olhos de Deus. Se deres apenas atenção ao que verdadeiramente és, pouco te inquietarás com a opinião dos homens a teu respeito. "O homem vê o rosto, mas Deus vê o coração" (1 Sm 16,7).
(FONTE: Disponível em: <http://evangelhoquotidiano.org/>. Acesso em: 07 fev. 2006)

Monday, February 06, 2006

Santa Teresa de Ávila (1515-1582), carmelita, doutora da Igreja.


“Todos que lhe tocavam eram curados”
Quando Jesus estava neste mundo, o simples contacto das suas vestes curava os doentes. Porquê duvidar, se temos fé, que ele também realize milagres quando está tão intimamente unido a nós na comunhão eucarística? Porque não nos dará ele o que lhe pedimos uma vez que está na sua própria casa? Sua Majestade não tem por hábito pagar mal a boa hospitalidade que lhe é dispensada. Se estais desolados por não o verdes com os olhos do corpo, considerai que isso não vos convém...
Mas assim que Nosso Senhor quer que uma alma aproveite da sua presença, ele revela-se-lhe. Ela não o verá, é verdade, com os olhos do corpo, mas ele manifestar-se-lhe-á por meio de grandes sentimentos interiores ou por outros meios. Portanto, estai com ele de “bom coração”. Não percais uma ocasião tão favorável para tratar dos vossos interesses como o momento que se segue à comunhão.
FONTE: Disponível em: <http://evangelhoquotidiano.org/>. Acesso em: 06 fev. 2006.

Sunday, February 05, 2006

S. Bernardo (1091-1153), monge de Cister e doutor da Igreja: Sermão 1 para o Advento.


“Jesus tomou-a pela mão e fê-la levantar-se”

Que condescendência de Deus que nos procura, e que dignidade do homem assim procurado!... “Que é o homem, Senhor, para que faças caso dele e ponhas nele a tua atenção?” (Job 7,17). Eu gostaria muito de saber porque é que Deus quis vir ele próprio até nós e porque não fomos antes nós que fomos até ele. Porque é o nosso interesse que está em causa. Não é habitual os ricos irem à casa dos pobres, mesmo quando têm a intenção de lhes fazer bem. Era a nós que nos convinha ir ter com Jesus. Mas um duplo obstáculo nos impedia: nossos olhos estavam cegos e ele vive numa luz inacessível; nós jazíamos paralisados nos nossos catres, incapazes de esperar a grandeza de Deus. Foi por isso que o nosso bom Salvador e o médico das nossas almas desceu das alturas e moderou para os nossos olhos doentes o brilho da sua glória. Ele revestiu-se como que duma lanterna, quero dizer, desse corpo luminoso e puro de toda a mancha, que ele assumiu.
FONTE: Disponível em: <http://evangelizo.org/>. Acesso em: 05 fev. 2006.

Saturday, February 04, 2006

Orígenes (cerca de 185 - 253), presbítero e teólogo: Comentário a S. Mateus.


"Teve compaixão deles"
Jesus, o Verbo de Deus, estava na Judeia. Depois da notícia do assassinato do profeta João Baptista, "retirou-se para um lugar deserto" numa barca - símbolo do seu corpo. Nesse lugar deserto, Jesus mantinha-se "isolado" porque a sua palavra era diferente e o seu ensinamento ia de encontro aos costumes e às ideias comuns entre as nações. Então, as multidões das nações, sabendo que aquele que é a Palavra de Deus tinha vindo habitar no seu deserto..., começaram a segui-lo, deixando as suas cidades, quer dizer, cada um abandonando os hábitos supersticiosos da sua pátira e aderindo à lei de Cristo... Jesus tinha saído ao seu encontro porque eles não eram capazes de se aproximar; misturando-se aos "que estão lá fora" (Mc 4,11), trouxe-os para dentro.
É numerosa essa multidão que estava fora e que ele foi encontrar. Derramando sobre ela a luz da sua presença, olha-a e, vendo que tipo de pessoas o rodeiam, acha-as ainda mais dignas de piedade. Ele que, enquanto Deus, está para além de todo o sofrimento, sofre por causa do seu amor pelos homens; a emoção prende-lhe o peito. Não só está emocionado como os cura de todas as suas doenças, liberta-os do mal.
(FONTES: Disponível em: <http://evangelizo.org/> e <http://www.philos-website.de/>. Acesso em 04 fev. 2006.)

Friday, February 03, 2006

Concílio Vaticano II: Declaração sobre a liberdade religiosa, 11.


Testemunhas da verdade
Cristo deu testemunho da verdade, mas não a quis impor pela força aos seus contraditores. O seu reino não se defende pela violência mas implanta-se pelo testemunho e pela audição da verdade; e cresce pelo amor com que Cristo, elevado na cruz, a Si atrai todos os homens.
Os Apóstolos, ensinados pela palavra e exemplo de Cristo, seguiram o mesmo caminho. Desde os começos da Igreja, os discípulos de Cristo esforçaram-se por converter os homens a Cristo Senhor, não com a coacção ou com artifícios indignos do Evangelho, mas primeiro que tudo com a força da palavra de Deus. A todos anunciavam com fortaleza a vontade de Deus Salvador «o qual quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade» (1 Tim. 2, 4); ao mesmo tempo, respeitavam os fracos, mesmo que estivessem no erro, mostrando assim como «cada um de nós dará conta de si a Deus» (Rom. 14, 12) e, nessa medida, tem obrigação de obedecer à própria consciência. Como Cristo, os Apóstolos sempre se dedicaram a dar testemunho da verdade de Deus, ousando proclamar diante do povo e dos chefes «com desassombro, a palavra de Deus» (Act. 4, 31). Pois acreditavam firmemente que o Evangelho é a força de Deus, para salvação de todo o que acredita. E assim é que, desprezando todas as «armas carnais», seguindo o exemplo de mansidão e humildade de Cristo, pregaram a palavra de Deus com plena confiança na sua força para destruir os poderes opostos a Deus e para trazer os homens à fé e obediência a Cristo. Como o Mestre, também os Apóstolos reconheceram a legítima autoridade civil: «Não há nenhum poder que não venha de Deus», ensina o Apóstolo, que depois manda: «cada um se submeta às autoridades constituídas; ...quem resiste à autoridade, rebela-se contra a ordem estabelecida por Deus» (Rom. 13, 1-2). Ao mesmo tempo, não temeram contradizer o poder público que se opunha à vontade sagrada de Deus: «deve-se obedecer antes a Deus do que aos homens» (Act. 5, 29). Inúmeros mártires e fiéis seguiram, no decorrer dos séculos e por toda a terra, este mesmo caminho.
[Referências bíblicas: Mt 26,51s ; Jo 12,32 ; 1Tm 2,4 ; Rm 14,12 ; Rm 1,16 ; 2Co 10,4 ; Rm 13,15 ; Ac 5,29]

(FONTE: Disponível em: <http://evangelizo.org/>. Acesso em 03 fev. 2006).

Thursday, February 02, 2006

Cardeal John Henry Newman (1801-1890), presbítero, fundador de comunidade religiosa, teólogo PPS 2,10.


"Os meus olhos viram a tua salvação"
"De repente, entrará no seu Templo o Senhor que vós procurais" (Ml 3,1). Hoje é-nos recordada a acção silenciosa da Providência de Deus. Acontecimentos que tinham sido previstos há muito inserem-se tranquilamente no curso do tempo; as visitas do Senhor permanecem simultaneammente repentinas e misteriosas...
Nesta cena, não há verdadeiramente nada de extraordinário nem de impressionante; no mundo, pessoas como os pais desta criança, tão pobres, e dois velhos como estes são olhados sem grande interesse e passa-se à frente. Contudo, o que temos aqui é a realização solene de uma profecia antiga e prodigiosa... A criança que se toma nos braços é o Salvador do mundo, o autêntico herdeiro que vem, sob a aparência de um desconhecido, visitar a sua própria casa. O profeta tinha dito: "Quem poderá suportar o dia da sua vinda?" (Ml 3,2); ei-lo que vem para tomar posse dela. Além disso, o velho Simeão está repleto dos dons do Espírito: alegria, acção de graças, esperança, misteriosamente misturadas com o temor, o susto e a dor. Também Ana se torna profetisa e as testemunhas a quem se dirige são o autêntico Israel que espera com fé a redenção do mundo de acordo com as promessas. "A glória que virá desse Templo ultrapassará a do antigo", tinha anunciado um outro profeta (Ag 2,9). Ei-la agora, essa glória: um menino com seus pais, dois velhos e uma assembleia sem nome e sem futuro. "A vinda do Reino não se deixa ver" (Lc 17,20).
Tal foi sempre a maneira de Deus fazer as suas visitas...: o silêncio, o inesperado, a surpresa aos olhos do mundo, apesar das predições conhecidas de todos, cujo sentido a Igreja verdadeira apreende e espera o cumprimento... Não pode ser de outra forma. Os avisos de Deus são claros mas o mundo continua o seu curso; envolvidos pelas suas actividades, os homens não sabem discernir o sentido da história. Tomam grandes acontecimentos por factos sem importância e medem o valor das realidades segundo uma perspectiva apenas humana... O mundo permanece cego, mas a Providência oculta de Deus realiza-se dia após dia.
FONTE: Disponível em: <http://evangelhoquotidiano.org/>. Acesso em: 02 fev. 2006.

Wednesday, February 01, 2006

Cardeal Joseph Ratzinger [Papa Bento XVI]: Einführung in das Christentum (A Fé Cristã)


"De onde é que isto lhe vem?": Cristo, o novo Adão
"Creio em Jesus Cristo, Filho unigénito de Deus, nosso Senhor" (Credo). A fé cristã reconhece em Jesus de Nazaré o homem exemplar - é essa, parece, a melhor forma de compreender a ideia de S. Paulo ao dizer que Cristo é "o último Adão" (1 Co 15,45). Mas é precisamente como homem exemplar, como homem tipo, que Jesus transcende o limite do humano; e é precisamente por isso que ele é verdadeiramente exemplar. Porque o homem é verdadeiramente ele mesmo na medida em que está perto de um outro; só se encontra a si mesmo abandonando-se; só se encontra a si mesmo através de alguém, de um outro... E, em última análise, o homem está orientado em direcção a... alguém que é verdadeiramente outro, a Deus... Ele é totalmente ele mesmo quando deixa de confiar só em si, de se virar sobre si mesmo, de se afirmar a si mesmo, isto é, quando é total abertura a Deus.
Mas, para que o homem se torne plenamente homem, foi preciso que Deus se tornasse homem. Só então... a passagem do "animal" para o "espiritual" (1 Co 15,44) é definitivamente atravessada; só então o ser de barro, elevando o seu olhar para além de si mesmo, pode dizer "Tu" a Deus. É esta abertura ao infinito que faz o homem... E esse é o homem pleno, o verdadeiro Adão, o mais ilimitado, o que não só entra em contacto com o Infinito mas forma um com ele: Jesus Cristo...
Se em Jesus a verdadeira essência do homem, tal como Deus a concebeu, se manifesta plenamente, ele não pode estar destinado a ser uma excepção absoluta, uma espécie de curiosidade... A sua existência diz respeito a toda a humanidade...; ele está destinado a reunir em si toda a raça humana. Ele deve "atrair a si" toda a humanidade (Jo 12,32) para formar o que S. Paulo chama "o Corpo de Cristo".
FONTE: Disponível em: <http://evangelhoquotidiano.org/>. Acesso em: 01 fev. 2006.