Comentário ao Evangelho do dia feito por:

Friday, March 31, 2006

Orígenes (cerca 185-253), presbítero e teólogo: Comentário de S. João.


“Ninguém lhe punha a mão em cima porque ainda não chegara a sua hora“
Procurar Jesus é, muitas vezes, um bem, porque procurar o Verbo, a verdade e a sabedoria, é a mesma coisa. Mas ireis dizer que as palavras “procurar Jesus” por vezes são pronunciadas a propósito daqueles que lhe querem mal. Por exemplo: “procuravam agarrá-lo, mas ninguém lhe punha a mão em cima, porque ainda não chegara a sua hora ”... Ele sabe de quem se afasta e junto de quem fica sem ser ainda encontrado, a fim de que, se o procurarem, o encontrem no tempo favorável. O apóstolo Paulo diz aos que ainda não possuem Jesus e não o contemplam: «Não digais no vosso coração: 'Quem subirá ao céu?', para fazer descer Cristo; ou então: 'Quem descerá ao abismo?', para fazer Cristo subir dentre os mortos. Mas que diz a Escritura? 'Perto de ti está a palavra, na tua boca e no teu coração'» (Rom 10, 6-8).
No seu amor pelos homens, quando o Salvador diz: «Haveis de procurar-me» (Jo 8,21), faz entrever as coisas do Reino de Deus para os que o procuram, não o procurando fora de si próprios, dizendo: 'Ei-lo aqui', ou ainda, 'ali'. O Evangelho diz-lhes: «O Reino de Deus está dentro de vós» (cl 17,21). Por muito tempo que guardemos a semente da verdade depositada na nossa alma e os seus mandamentos, o Verbo não se afasta de nós. Mas, se o mal se espalha em nós para nos corromper, Jesus diz-nos: «Eu vou-me embora: vós haveis de procurar-me e morrereis no vosso pecado».


(FONTE: Disponível em: <http://evangelhoquotidiano.org/>. Acvesso em: 31 mar. 2006.).

Thursday, March 30, 2006

S. Jerónimo (347-420), presbítero, tradutor da Bíblia, doutor da Igreja: Carta 53, a S. Paulino, bispo de Nola.


"Se acreditásseis em Moisés, acreditaríeis também em mim, porque foi de mim que
ele falou na Escritura"
Há uma "sabedoria de Deus, misteriosa e oculta, que, desde antes dos séculos, Deus antecipadamente nos destinou". Esta sabedoria de Deus é Cristo; Ele é "poder de Deus e sabedoria de Deus"... No Filho, com efeito, "encontram-se escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento"; oculto no mistério, destinado previamente, desde antes dos séculos, Ele é o que foi predestinado e prefigurado na Lei e nos profetas.
Por isso, os profetas tinham o nome de "videntes"; viam Aquele que estava escondido e desconhecido dos outros. Também Abraão "viu o seu dia e rejubilou". Para Ezequiel, os céus abriram-se, enquanto para o povo pecador permaneciam cerrados. "Retirai o véu de cima dos meus olhos, diz David, e contemplarei as maravilhas da vossa lei". Na verdade, a lei é espiritual e, para a compreender, é preciso que seja "afastado o véu" e que "a glória de Deus seja contemplada de rosto descoberto".
No Apocalipse, mostra-se um livro fechado com sete selos... Quantos homens hoje, que se pretendem instruidos, têm nas mãos um Livro selado! São incapazes de o abrir, a menos que seja aberto por "Aquele que tem a chave de David; se Ele abrir, ninguém o fechará e, se Ele fechar, ninguém o abrirá". Nos Actos dos Apóstolos, o eunuco lia o profeta Isaías...; contudo, ignorava Aquele que venerava no livro sem O conhecer. Surge Filipe; mostra-lhe Jesus oculto pela letra. Compreende, pois, que não podes comprometer-te com as Sagradas Escrituras sem teres um guia que te mostre o caminho.


(Referências bíblicas: 1Co 2,7 ; 1Co 1,24 ; Col 2,31 ; 1Sm 9,9 ; Jo 8,56 ; Sl 118,18 ; 2Co 3,16-18 ; Ap 5,1 ; Ap 3,7 ; Act 8,26s)


(FONTE: Disponível em: <http://evangelhoquotidiano.org/>. Acesso em: 30 mar. 2006.).

Wednesday, March 29, 2006

Carta a Diogneto (vers 200): Cap. 9.


« Procuravam dar-lhe a morte porque... dizia que Deus era o
seu próprio Pai"
Até aos nossos dias, que são os últimos, Deus foi permitindo que nos deixássemos conduzir ao sabor das nossas inclinações desordenadas, levados pelos prazeres e pelas paixões. Não que Ele tivesse o menor prazer nos nossos pecados; de modo nenhum! Apenas tolerava este tempo de iniquidade, sem nele consentir. Preparava o tempo actual da justiça a fim de que, convencidos de termos sido indignos durante esse período por causa das nossas faltas, nos tornássemos agora dignos dele em razão da bondade divina...
Ele não nos odiou nem nos rejeitou... Enchendo-se de piedade por nós, encarregou-se Ele mesmo das nossas faltas e entregou o Seu próprio Filho em resgate por nós: o santo pelos ímpios, o inocente pelos malfeitores, "o justo pelos injustos" (1 Pe 3,18), o incorruptível pelos corrompidos, o imortal pelos mortais. Que outra coisa, para além da Sua justiça, teria podido cobrir os nossos pecados? Em quem poderíamos ser justificados..., senão pelo Filho único de Deus? Suave troca, obra insondável, benefícios inesperados! O crime de uma multidão é coberto pela justiça de um só e a justiça de um só justifica inúmeros culpados. No passado, Ele convenceu a nossa natureza da sua incapacidade para alcançar a vida; agora mostrou-nos o Salvador capaz de salvar o que o não podia ser. Das duas formas, quis dar-nos a fé na Sua bondade e fazer-nos ver nele o que dá o alimento pai, o mestre, o conselheiro, o médico, a inteligência, a luz, a honra, a glória, a força e a vida.


(FONTE: Disponível em: <http://evangelhoquotidiano.org/>. Acesso em: 29 de mar. 2006.).

Tuesday, March 28, 2006

Odes de Salomão (texto cristão hebraico do início do sec. II): Nº 30.


A água do Baptismo cura-nos e dá-nos a verdadeira vida
Bebei da água viva do Senhor, pois ela brotou para vós (cf. Is 12,3).Vinde, vós todos que tendes sede (IS 55,1), recebei a água que sacia.Repousai junto da fonte do Senhor, pois é bela e pura; ela acalma a alma.As suas águas são mais doces do que o mel, o sulco das abelhas não lhe é comparável, poi ela brota dos lábios do Senhor, do coração do Senhor tira o seu nome (cf. Jo 7,38).
Corre eterna e invisível: antes de aparecer, ninguém a vira.Felizes daqueles que dela beberam e nela saciaram a sua sede.


(FONTE: Disponível em: <http://www.catolicanet.com.br/>. Acesso em: 28 de mar. 2006.)

Monday, March 27, 2006

S. João Crisóstomo ( c. 345-407), bispo de Antioquia depois de Constantinopla, doutor da Igreja: 35ª homilia sobre S. João.


«Não podereis portanto acreditar se não tiverdes visto sinais
e prodígios?»
«Se não virdes sinais e prodígios, não acreditareis!» O funcionário real parece não acreditar que Jesus tem o poder de ressuscitar os mortos: «Desce, antes que o meu filho morra!» Parece crer que Jesus ignora a gravidade da doença do seu filho. Por isso, Jesus lhe faz esta censura, para lhe mostrar que os milagres se fazem sobretudo para ganhar e salvar as almas. Assim, Jesus cura o pai que está doente do espírito, tal como o filho que está doente do corpo, para nos ensinar que precisamos de nos ligar a Ele, não por causa dos milagres, mas pelo Seu ensinamento que os milagres confirmam. É que Ele realiza os milagres, não para os crentes, mas para os incrédulos...De regresso a casa, «ele creu, com todos os da sua casa». Gente que não viu nem ouviu Jesus... acredita nEle. Que ensinamento se retira daqui? É preciso acreditar nEle sem exigir milagres: não é preciso exigir a Deus provas do Seu poder. Nos nossos dias, quantas pessoas mostram um maior amor a Deus depois de seus filhos ou sua mulher terem recebido alívio na doença. Mesmo que os nossos votos não sejam atendidos, é preciso perseverar nas acções de graça e de louvor. Permaneçamos ligados a Deus na adversidade, tanto quanto na prosperidade.


(FONTE: Disponível em: <http://evangelhoquotidiano.org/>. Acesso em: 27 mar. 2006.).

Sunday, March 26, 2006

Teodoro de Mopsuesto (? – 428), bispo e teólogo: Comentário de João.


“Deus amou tanto o mundo”
“Que a cruz não vos assuste, diz o Senhor Jesus, e não vos faça duvidar das palavras que vos digo”. A serpente elevada por Moisés no deserto tinha eficácia pelo poder daquele que ordenara que fosse levantada... É assim que o Senhor carrega a sorte dos homens e sofre as dores da cruz mas, graças ao poder que o habita, tornou os que crêem nele dignos da vida eterna. No tempo de Moisés, a serpente de bronze, sem possuir a vida, graças ao poder de outrem, libertava da morte os que iam morrer devido à mordedura venenosa, desde que eles virassem os olhos para ela. Jesus, de igual modo, apesar da sua aparência mortal e dos seus sofrimentos, dá vida aos que crêem nele, graças ao poder que o habita.
Jesus continua: “Deus amou tanto o mundo que lhe deu o seu Filho único, a fim de que aqueles que crerem nele não pereçam, mas tenham a vida eterna”. “É ainda, diz ele, um sinal do amor de Deus...” Como pôde ele dizer: ”Deus deu o seu Filho único”? É evidente que a divindade não pode sofrer. Contudo, graças à sua união, a humanidade e a divindade de Jesus formam apenas um. É por isso que, apesar de só o homem sofrer, tudo o que toca a sua humanidade é atribuído também à sua divindade...
S. Paulo, para mostrar esta grandeza, diz: “se a tivessem conhecido, não teriam crucificado o Senhor da glória!” (1Co 2,8). Ele quer revelar, dando este título a Jesus, a grandeza da Paixão; de igual modo, nosso Senhor, para mostrar a riqueza do seu amor pelos sofrimentos que suportou, declara muito justamente: “Deus deu o seu Filho único”.


(FONTE: Disponível em: < http://evangelhoquotidiano.org/>. Acesso em 26 mar. 2006.).

Saturday, March 25, 2006

Santa Catarina de Sena (1347-1380), terceira dominicana, doutora da Igreja, co- padroeira da Europa: Oração de 25 de Março 1379.


“O Omnipotente fez por mim maravilhas” (Lc 1,49)
Maria, templo da Trindade, lareira do fogo divino, Mãe de misericórdia..., tu és o tronco novo (Is 11,1) que produziu a flor que inebria o mundo, o Verbo, o Filho único de Deus. É em ti, terra fecunda, que este verbo foi semeado (Mt 13,3s). Tu escondeste o fogo na cinza da nossa humanidade. Vaso de humildade onde arde a luz da verdadeira sabedoria..., pelo fogo do teu amor, pela chama da tua humildade, tu atraíste para ti e para nós o Pai eterno...
Graças a esta luz, ó Maria, tu nunca foste como as virgens insensatas (Mt 25,1s), mas estavas cheia da virtude da prudência. É por isso que quiseste saber como se poderia cumprir o que o anjo te anunciava. Tu sabias que “Tudo é possível a Deus”; tu não tinhas disso nenhuma dúvida. Porque dizer então: “Eu não conheço homem”?
Não era a fé que te faltava; era a tua humildade profunda que te fazia dizer isso. Tu não duvidavas do poder de Deus; tu olhavas-te como indigna de um tão grande prodígio. Se tu te perturbaste com a palavra do anjo, não foi por medo. À luz do próprio Deus, parece-me que era mais por admiração. E que é que tu admiravas, ó Maria, senão a imensidade da bondade de Deus? Olhando para ti própria, tu julgavas-te indigna desta graça e ficaste estupefacta. A tua questão é a prova da tua humildade. Tu não estavas cheia de medo, mas unicamente de admiração diante da imensa bondade de Deus, comparada à tua pequenez, à tua humilde condição.


(FONTE: Disponível em: <http://www.evangelizo.org/>. Acesso em: 24 mar. 2006.).

Friday, March 24, 2006

S. Cesário de Arles (470-543), monge e bispo: Sermões 22-25.


Amor de Deus, amor do próximo
Se tiveres amor, possuirás Deus e, se possuires Deus, que te faltará? Que possui o rico, se não tiver amor? Que falta ao pobre, se ele tiver amor? Tu pensas talvez que é rico aquele que tem o cofre cheio de ouro?... Não tens razão, porque verdadeiramente rico é aquele em quem Deus se digna habitar. Que poderás tu ignorar acerca das Escrituras a partir do momento em que o amor, quer dizer, Deus, te começou a possuir? Que boa acção não poderás fazer, se fores digno de guardar no teu coração a fonte de todos os benefícios? Que adversário temerás, se mereceres ter Deus em ti como rei?...Aprendamos, pois, irmãos caríssimos, a amar a Deus com todo o nosso coração e comecemos por amar todos os homens como a nós mesmos. Se o fizermos, nenhum conflito, nenhum motivo de disputa, nenhum processo nos poderá separar, a nós e ao nosso próximo, do amor de Deus. Ama todos os homens de todo o teu coração e faz o que quiseres. Ama os que são justos porque já são bons, mas reza para que se tornem ainda melhores. Ama os que são injustos porque são homens, mas detesta o que eles têm de mau e deseja constantemente que Deus, na sua misericórdia, os converta à bondade.


(FONTE: Disponível em: <http://www.catolicanet.com.br/>. Acesso em: 24 mar. 2006.).

Thursday, March 23, 2006

S. Cipriano (cerca de 200-258), bispo de Cartago e mártir: Da unidade da Igreja.

"Todo o reino dividido torna-se um deserto"
Ninguém pode ter Deus como pai se não tiver a Igreja como mãe... O Senhor adverte-nos nesse sentido dizendo: "Quem não está comigo está contra mim e quem não recolhe comigo dissipa". Aquele que quebra a paz e a concórdia de Cristo age contra Cristo; aquele que colhe fora da Igreja dissipa a Igreja de Cristo.
O Senhor diz: "O Pai e eu somos um" (Jo 10,30). Está escrito ainda a propósito do Pai, do Filho e do Espírito Santo: "Estes três são um" (1 Jo 5,7). Por isso, quem acreditará que a unidade, que tem a sua origem nesta harmonia divina, que está ligada a este mistério celeste, pode ser esquartejada na Igreja... devido a conflitos voluntariosos? Todo aquele que não observar esta unidade, não observa a lei de Deus, nem a fé no Pai e no Filho; não preserva a vida nem a salvação.
Este sacramento da unidade, este vínculo da concórdia numa coesão indissolúvel é-nos mostrado no Evangelho pela túnica do Senhor. Ela não pôde ser de forma alguma dividida ou rasgada, mas foi tirada à sorte para se saber quem revestirá Cristo (Jo 19,24)... Ela é o símbolo da unidade que vem do alto.


(FONTE: Disponível em: <http://evangelhoquotidiano.org/>. Acesso em: 23 mar. 2006.).

Wednesday, March 22, 2006

Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipna (Norte de África) e doutor da Igreja: Do espírito e da letra.

"Não vim abolir a Lei ou os Profetas; não vim abolir mas
levá-los à perfeição"

A graça, outrora velada no Antigo Testamento, foi revelada plenamente no Evangelho de Cristo por uma disposição harmoniosa dos tempos, da forma como Deus costuma dispor harmoniosamente todas as coisas.... Mas, no interior desta admirável harmonia, constata-se uma grande diferença entre as duas épocas. No Sinai, o povo não ousava aproximar-se do lugar onde o Senhor dava a sua Lei; no Cenáculo, o Espírito Santo desce sobre os que se reuniram à espera do cumprimento da promessa (Ex 19,23; Act 2,1). No primeiro caso, o dedo de Deus gravou as suas leis em tábuas de pedra; agora, é no coração do homens que Ele as escreve (2 Co 3,3). Outrora, a Lei estava escrita no exterior e inspirava o medo aos pecadores; agora, é-lhes dada interiormente para os tornar justos...
Com efeito, como diz o apóstolo Paulo, tudo o que foi escrito nas tábuas de pedra ("Não cometerás adultério, não matarás, não cobiçarás" e outras coisas parecidas) resume-se a um único mandamento: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Lv 19,18). O amor ao próximo não realiza nenhum mal. A plenitude da Lei é a caridade (Rm 13,9-10)... Esta caridade foi "derramada nos nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado" (Rm 5,5).

(FONTE: Disponível em: <http://www.catolicanet.com.br/>. Acesso em: 22 mar. 2006.).

Tuesday, March 21, 2006

S. João Crisóstomo (c.345-407), bispo de Antioquia depois de Constantinopla, Homilias sobre S. Mateus.


«Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem
ofendido» (Mt 6,12)


Cristo pede-nos então duas coisas: que condenemos os nossos pecados, que perdoemos os dos outros, que façamos a primeira coisa por causa da segunda, que será então mais fácil, pois aquele que pensa nos seus pecados será menos severo para o seu companheiro de desgraça. E perdoar não só de boca, mas «do fundo do coração», para não voltar contra nós o ferro com que pensamos atravessar os outros... Que mal pode fazer-te o teu inimigo, que seja comparável àquele que fazes a ti próprio? Se te deixares levar à indignação e à cólera, serás ferido, não pela injúria que ele te fez, mas pelo ressentimento que tens disso.
Não digas portanto: «Ele ultrajou-me, ele caluniou-me, ele causou-me muitas desgraças.» Quanto mais dizes que ele te fez mal, mais mostras que te fez bem, pois te deu ocasião para te purificares dos teus pecados. Assim, quanto mais ele te ofende, mais te põe em estado de obteres de Deus o perdão das tuas faltas. Pois se nós quisermos, ninguém poderá fazer-nos mal; mesmo os nossos inimigos prestam-nos assim um grande serviço... Considera, pois, quanta vantagem retiras duma injúria sofrida humildemente e com doçura.

(FONTE: Disponível em: <http://www.catolicanet.com.br/>. Acesso em 21 mar 2006.).

João Paulo II: Redemptoris Custos, 25-26.

A primazia da vida interior em S. José


O mesmo clima de silêncio, que acompanha tudo aquilo que se refere à figura de José, estende-se também ao seu trabalho de carpinteiro na casa de Nazaré. Trata-se de um silêncio que desvenda de maneira especial o perfil interior desta figura. Os Evangelhos falam exclusivamente daquilo que José «fez»; no entanto, permitem-nos auscultar nas suas «acções», envolvidas pelo silêncio, um clima de profunda contemplação. José estava quotidianamente em contacto com o mistério «escondido desde todos os séculos», que «estabeleceu a sua morada» sob o tecto da sua casa. Isto explica, por exemplo, a razão por que Santa Teresa de Jesus, a grande reformadora do Carmelo contemplativo, se tornou promotora da renovação do culto de São José na cristiandade ocidental.
O sacrifício total, que José fez da sua existência inteira, às exigências da vinda do Messias à sua própria casa, encontra a motivação adequada na «sua insondável vida interior, da qual lhe provêm ordens e consolações singularíssimas; dela lhe decorrem também a lógica e a força, própria das almas simples e límpidas, das grandes decisões, como foi a de colocar imediatamente à disposição dos desígnios divinos a própria liberdade, a sua legítima vocação humana e a felicidade conjugal, aceitando a condição, a responsabilidade e o peso da família e renunciando, por um incomparável amor virgíneo, ao natural amor conjugal que constitui e alimenta a mesma família».
Esta submissão a Deus, que é prontidão de vontade para se dedicar às coisas que dizem respeito ao seu serviço, não é mais do que o exercício da devoção, que constitui uma das expressões da virtude da religião (segundo S. Tomás de Aquino).

(FONTE: Disponível em: <http://evangelhoquotidiano.org/>. Acesso em 21 mar 2006.).

Sunday, March 19, 2006

Orígenes (c. 185-235), padre e teólogo: Comentário sobre S. João 10,20.

«O Templo de que Ele falava era o Seu corpo»
«Destruí este Templo e em três dias eu reerguê-lo-ei»...Um e outro, o Templo e o corpo de Jesus, são a meu ver um símbolo da Igreja... O templo será reerguido e o corpo ressuscitará ao terceiro dia... pois o terceiro dia surgirá num céu novo e numa terra nova (2P 3,13), quando as ossadas, quer dizer toda a casa de Israel (Ez 37,11), se vestirem no grande dia do Senhor, e a morte for vencida.
Assim como o corpo de Jesus, sujeito à condição humana vulnerável, foi fixado à cruz e sepultado, e depois foi reerguido, assim também o corpo total dos fiéis de Cristo foi «fixado à cruz com Ele» e «desde então já não vive» (Gl 2,19). Com efeito, como Paulo, cada um deles não se glorifica senão da cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, que fez dele um crucificado para o mundo e do mundo um crucificado para Ele (Gl 6,14)... «Pois fomos sepultados com Cristo», diz Paulo, que acrescenta, como se tivesse recebido alguma garantia da ressurreição: «E com Ele nos reerguemos» (Rm 6,4-9).
Cada um caminha então numa nova via, mas que não é ainda a ressurreição bem-aventurada e perfeita... Se alguém é agora posto no túmulo, um dia ressuscitará.


(FONTE: Disponível em: <http://www.catolicanet.com.br/>. Acesso em 19 mar. 2006.).

Saturday, March 18, 2006

S. Romanos, o Melódio (? - cerca de 560), compositor de hinos: Hino 28, O Filho Pródigo.


"Era preciso festejar... porque o teu irmão estava morto e
ressuscitou"
O filho mais velho, encolerizado, disse ao pai: "... Sempre obedeci às tuas ordens, sem transgredir uma só! ... e esse pródigo volta para casa, e dás-lhe mais importância do que a mim!"
Mal ouviu o filho falar assim, respondeu-lhe o pai com doçura: "Escuta o teu pai. Tu estás comigo, porque nunca te afastaste de mim; não te separaste da Igreja; estás sempre presente ao meu lado, com todos os meus anjos. Mas este regressou coberto de vergonha, nu e sem beleza, gritando: 'Piedade! Pequei, pai, e suplico-te como culpado diante de ti. Aceita-me como trabalhador da terra e dá-me alimento, porque tu amas os homens, Senhor e mestre de todos os tempos.' (Sb 1,6; 1Tm 1,17)""O teu irmão gritou: 'Salva-me, pai santo!' ... Como podia eu não ter piedade, não salvar o meu filho que gemia, que soluçava?... Julga-me, tu que me criticas... A minha alegria eterna é amar os homens... É minha criatura: como posso não ter piedade dele? Como posso não ter compaixão do seu arrependimento? As minhas entranhas geraram este filho de quem tenho piedade, eu, o Senhor e mestre de todos os tempos."
"Tudo o que tenho é teu, meu filho... A fortuna que tens não fica diminuida porque não é dela que eu tiro para dar presentes ao teu irmão... Eu sou o único criador de vós dois, o pai único, bom, amoroso e misericordioso. Cubro-te de honras, meu filho, porque sempre me amaste e serviste; dele, tenho compaixão, porque se entrega completamente ao seu arrependimento. Tu devias por isso partilhar a alegria de todos os que convidei, eu, o Senhor e mestre de todos os tempos"."Assim pois, meu filho, alegra-te com todos os convidados do banquete e mistura os teus cantos aos de todos os anjos, porque o teu irmão estava perdido e foi encontrado, estava morto e, contra todas as expectativas, ressuscitou."
A estas palavras, o filho mais velho deixou-se convencer e cantou: "Gritai de alegria! 'Felizes aqueles a quem foi perdoado todo o pecado e apagadas as faltas' (Sl 131,1) Eu te louvo, ó amigo dos homens, tu que salvaste também o meu irmão, tu, o Senhor e mestre de todos os tempos!"


(FONTE: Disponível em: . Acesso em: 18 mar. 2006.).

Friday, March 17, 2006

S. Máximo de Turim (? - cerca de 420), bispo: Sermão para a festa de S. Cipriano.


Produzir fruto
A vinha do Senhor dos Exércitos, diz o profeta, é a casa de Israel (Is 5,7). Ora esta casa, somos nós... e, uma vez que somos Israel, somos a vinha. Tomemos então cuidado para que, dos nossos sarmentos, em vez da uva da doçura não nasça a da cólera (Ap 14,19), para que não digam de nós: "Esperava belos frutos; ela deu uvas selvagens" (Is 5,4). Que terra ingrata! Aquela que deveria ter oferecido ao seu dono os frutos da doçura trespassou-o com espinhos agudos. Foi por isso que os seus inimigos, que deviam ter acolhido o Salvador com toda a devoção da sua fé, o coroaram com os espinhos da Paixão.. Para eles, aquela coroa significava bem o ultrage e a injúria mas, aos olhos do Senhor, era a coroa das virtudes...Tende cuidado, irmãos, para que não digam a vosso respeito: "Ele esperava belas uvas e ela só lhe deu espinhos selvagens" (Is 5,2)... Tenhamos cuidado para que as nossas más acções não firam a cabeça do Senhor como silvas. Há espinhos do coração que feriram mesmo a palavra de Deus, como diz o Senhor no evangelho ao contar que o grão do semeador caíu no meio dos espinhos, que cresceram e abafaram o que tinha sido semeado (Mt 13,7)... Vigiai pois para que a vossa vinha não dê espinhos em vez de uvas; que a vossa vindima não produza vinagre em vez de vinho. Todo aquele que vindima sem distribuir parte aos pobres recolhe vinagre em vez de vinho; e aquele que armazena as suas colheitas sem distribuir parte aos indigentes não guarda o fruto da esmola mas os cardos da avareza.


(FONTE: Disponível em: <http://evangelhoquotidiano.org/>. Acesso em 17 mar. 2006.).

Thursday, March 16, 2006

S. Basílio (cerca de 330-379), monge e bispo de Cesareia na Capadócia, doutor da Igreja: Homilia 6 contra a riqueza.


"Feliz o homem que se compadece e empresta, ...que dá aos
pobres; a sua justiça permanecerá para sempre" (Sl 111)
Que responderás ao juiz soberano, tu que revestes as tuas paredes e não vestes o teu semelhante? tu que enfeitas os teus cabelos e não tens sequer um olhar para o teu irmão na sua aflição?... tu que escondes o teu ouro e não vens em socorro do oprimido?...
Diz-me: o que é que te pertence? de quem é que recebeste tudo o que levas através desta vida?... Não saiste nu do seio da tua mãe? Não regressarás à terra igualmente nu? (Jb 1,21) Os bens presentes, de quem os obtiveste? Se responderes: "do acaso", és um ímpio que recusa conhecer o seu criador e agradecer ao seu benfeitor. Se concordas que foi de Deus, diz-me então por que razão os recebeste.
Seria Deus injusto ao repartir de forma desigual os bens necessários à vida? Porque é que vives na abundância e aquele na miséria? Não é apenas para que, um dia, pela tua bondade e gestão desinteressada, recebas a recompensa, quando o pobre receber a coroa prometida à paciência?... Ao faminto pertence o pão que tu guardas; ao homem nu o manto que escondes no teu armário... Desse modo, cometes tantas injustiças quantas são as pessoas que poderias ajudar.


(FONTE: Diposnível em <http://evangelhoquotidiano.org/>. Acesso em: 16 mar. 2006.).

Wednesday, March 15, 2006

Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (Norte de África) e doutor da Igreja: Comentário sobre o Salmo 126.


"Eis que subimos a Jerusalém"
"É em vão que vos levantais antes da aurora" (Sl 126,2). Que quer isto dizer?... Cristo, nosso Dia, já se ergueu; é bom que nos levantemos depois de Cristo e não antes. Quem são os que se levantam antes de Cristo?... Os que querem ser exaltados cá em baixo, onde ele foi humilde. Que eles sejam, pois, humildes neste mundo, se querem ser exaltados onde Cristo é exaltado. Com efeito, Cristo disse daqueles que a ele tinham aderido pela fé - e nós estamos precisamente entre esses: "Pai, aqueles que me deste, quero que, lá onde eu estiver, eles estejam também comigo" (Jo 17,25). Dom magnífico, grande graça, gloriosa promessa... Quereis estar lá onde ele é exaltado? Sede humildes onde ele foi humilde."O discípulo não está acima do mestre" (Mt 10,24)... Contudo, os filhos de Zebedeu, antes de terem suportado a humilhação em conformidade com a Paixão do Senhor, tinham já escolhido o seu lugar, um à direita e outro à esquerda. Queriam "levantar-se antes da aurora"; é por isso que caminhavam em vão. O Senhor chamou-os à humildade perguntando-lhes: "Podeis beber o cálice que eu devo beber? Eu vim para ser humilde e vós quereis ser exaltados antes de mim? Segui-me, disse ele, no caminho por onde vou. Porque se quereis ir por um caminho onde eu não vou, é em vão que o fazeis."


(FONTE: Disponível em: <http://evangelizo.org>. Acesso em: 15 mar. 2006.).

Tuesday, March 14, 2006

S. [Padre] Pio de Pietrelcina (1887-1968), capuchinho: T, 54.


"Quem se humilhar será exaltado"
Não deixes de praticar actos de humildade e de amor para com Deus e para com os homens; porque Deus fala a quem lhe apresenta um coração humilde e enriquece-o com os seus dons.Se Deus te reservar os sofrimentos do seu Filho e quiser fazer-te tocar com o dedo a tua própria fraqueza, mais vale humilhares-te do que perder a coragem. Faz subir a Deus uma oração de abandono e de esperança quando a tua fragilidade causar a tua queda e agradece ao Senhor por todas as graças com que ele te enriquece.
(FONTE: Disponível em: <http://evangelizo.org/>. Acesso em: 14 mar. 2006.).

Sunday, March 12, 2006

Santo Isaac o Sírio ( sec. VII), monge em Ninive, perto de Mossoul, no actual Iraque: Discursos, 1ª série, nº 34.


«Sede misericordiosos como vosso Pai é misericordioso»

Irmão, recomendo-te isto: que a compaixão cresça sempre na tua balança, até que sintas em Ti a compaixão que Deus experimenta pelo mundo. Que este estado se torne o espelho no qual vemos em nós próprios a verdadeira «imagem e semelhança» da natureza e do ser de Deus (Gn 1,26). É por essas coisas e por outras semelhantes que recebemos a luz, e que uma clara resolução nos leva a imitar Deus. Um coração duro e sem piedade nunca será puro (Mt 5,8). Mas o homem compassivo é o médico da sua alma; como por um vento violento, ele afasta para fora de si as trevas da perturbação.

(FONTE: Disponível em: <http://evangelhoquotidiano.org/>. Acesso em: 12 mar. 2006.).

S. Leão Magno (?-c.461), papa e doutor da Igreja: Homilia 51/38, sobre a Transfiguração.


«Jesus proibiu-os de contar a alguém aquilo que tinham visto, até que o Filho do Homem ressuscitasse»

Jesus queria armar os seus apóstolos com uma grande força de alma e uma constância que lhes permitissem pegar sem medo na sua própria cruz, apesar da sua rudeza. Ele queria também que eles não corassem do seu suplício, que não considerassem como uma vergonha a paciência com que devia sofrer a Sua Paixão tão cruel, sem perder em nada a glória do Seu poder. Jesus «pegou então em Pedro, Tiago e João, e subiu com eles para uma alta montanha», e aí manifestou o esplendor da Sua glória. Mesmo que tivessem percebido que a majestade divina estava nele, ignoravam ainda o poder que detinha esse corpo que escondia a divindade... O Senhor descobre pois a Sua glória diante de testemunhas que tinha escolhido, e sobre o Seu corpo, semelhante a todos os outros corpos, irradia um tal esplendor «que o Seu rosto pareceu brilhante como o sol e as Suas vestes brancas como a neve.» Sem dúvida esta transfiguração tinha acima de tudo como finalidade retirar do coração dos Seus discípulos o escândalo da cruz, não perturbar a fé deles com a humildade da Sua paixão voluntária..., mas essa revelação fundava também na Sua Igreja a esperança que devia sustentá-la. Todos os membros da Igreja, o seu corpo, compreenderiam assim que transformação iria operar-se neles um dia, uma vez que está prometido aos membros que participem da honra que resplandeceu na Cabeça. O próprio Senhor tinha dito, falando da majestade da sua segunda vinda: «Então os justos resplandecerão como o Sol no Reino de seu Pai» (Mt 13,43). E o apóstolo Paulo afirma, por seu lado: «Tenho como coisa certa que os sofrimentos do tempo presente não são comparáveis à glória que se deve revelar em nós» (Rom 8, 18)... Ele escreveu também: «Porque estais mortos com Cristo, e a vossa vida está escondida com Ele em Deus. Quando Cristo, que é a vossa vida, aparecer, então manifestar-vos-eis também com Ele, na Sua glória» (Col 3,3-4).
(FONTE: Disponível em: <http://evangelizo.org>. Acesso em 12 mar. 2006.).

Saturday, March 11, 2006

Santo Inácio de Antioquia (? - cerca 110), bispo e mártir: Carta aos Efésios, 10-14.


“Amai os vossos inimigos, e rezai pelos que vos perseguem”
“Orai sem cessar” (1Tes 5,17) pelos outros homens. Podemos esperar o seu arrependimento, e que eles voltem para Deus. Mas que pelo menos o vosso exemplo lhe indique o caminho. À sua cólera, oponde a vossa doçura; à sua arrogância, a vossa humildade; às suas blasfémias, as vossas orações; aos seus erros, a firmeza da vossa fé; à sua violência, a vossa serenidade, sem procurar em nada fazer como eles. Mostremos-lhes pela nossa bondade que somos seus irmãos. Procuremos “imitar o Senhor” (1Tes 1,6). Quem sofreu a injustiça mais do que ele? Quem foi despojado e rejeitado? Que não se encontre entre vós a erva do diabo (Mt 13,25). Numa pureza e temperança perfeitas da carne e do espírito, permaneçamos em Jesus Cristo.
Eis chegados os últimos tempos... É apenas em Cristo que entramos na verdadeira vida. Fora dele, nada de valioso!... Nada ultrapassa a paz; ela triunfa de todos os assaltos que nos desferem os nossos inimigos, quer sejam celestes ou terrestres... Hoje, já não é suficiente professar a fé; é preciso mostrarmos até ao fim de que força ela nos enche.


(FONTE: Disponível em: <http://evangelizo.org>. Acesso em: 11 ma. 2006.).

Friday, March 10, 2006

Santo Agostinho (354-430), bispo de Hippone (África do Norte) e doutor da Igreja: Sermão 357.


“Se te lembrares que o teu irmão tem alguma coisa contra ti”
“Deus faz que o sol se levante sobre os bons e os maus e faz cair a chuva sobre os justos e os pecadores” (Mt 5,45). Ele mostra a sua paciência; e não lamenta o seu poder. Tu também..., renuncia à provocação, não aumentes o incómodo dos olhos inchados. És amigo da paz? Mantém-te tranquilo no teu interior... Deixa de lado as discussões, e volta-te para a oração. Não te encarregues de contradizer alguém e mesmo de defenderes a nossa fé discutindo com quem blasfema. Não respondas à injúria com a injúria, mas reza por esse homem.
Querias falar-lhe contra ele próprio: fala a Deus por ele. Não digo que te cales: escolhe o meio conveniente, e vê Aquele a quem falas, em silêncio, por um grito do coração. Lá onde o teu adversário não te vê, aí mesmo, sê bom para com ele. A esse adversário da paz, a esse amigo da disputa, responde tu, amigo da paz: “Diz tudo o que quiseres, porque, seja qual for a tua inimizade, tu és meu irmão”...
“Podes odiar-me e repelir-me: tu és meu irmão! Reconhece em ti o sinal do meu Pai; é a Palavra do nosso Pai. Irmão questionador, tu és meu irmão, porque tu dizes tal como eu: ‘Pai nosso que estais nos céus’. Se a nossa linguagem é uma, porque não somos um? Peço-te, reconhece o que dizes comigo e reprova o que fazes contra mim... Temos uma única linguagem diante do Pai; porque não havemos de ter juntos uma única paz?”
(FONTE: Disponível em: <http://evangelhoquotidiano.org/>. Acesso em: 10 mar. 2006.).

Thursday, March 09, 2006

Homilia anónima do século IV: Atribuida erradamente a S. João Crisóstomo.


"Pedi e recebereis; batei e abrir-vos-ão a porta"
Presta atenção às minhas palavras, Senhor!" (Sl 5,2). Tu vieste não só por piedade para com o teu povo Israel, mas para salvar todas as nações..., não só para restaurar uma parte da terra, mas para renovar o mundo inteiro. Por isso, "presta atenção às minhas palavras, Senhor!"... Não rejeites a minha súplica como indigna; não recuses a minha oração. Eu não peço ouro nem riquezas... É desejando o amor e o respeito por ti que clamo sem cessar: "Presta atenção às minhas palavras, Senhor!" Israel gozou dos teus bens; também eu farei a experiência dos teus benefícios. Conduziste-o para fora do Egipto; retira-me a mim do erro. Resgataste-o do Faraó; liberta-me do autor do mal. Conduziste-o através do Mar Vermelho; conduz-me através da água do baptismo. Guiaste-o com a coluna de fogo; ilumina-me com o teu Espírito Santo. Israel comeu o pão dos anjos no deserto; dá-me o teu Corpo santíssimo. Ele bebeu a água do rochedo; sacia-me com o Sangue do teu lado. Israel recebeu as tábuas da Lei; grava o teu Evangelho no meu coração... "Presta atenção às minhas palavras, Senhor! Atende o meu grito!" Graças a esse grito, Moisés tornou a criação aliada do teu povo [no Mar Vermelho]; graças a esse clamor, Josué travou o curso do sol (Jos 10,12); graças a esse grito, Elias tornou estéreis as núvens do céu (1R 17,1); foi graças a esse lamento que Ana deu à luz um filho, contra toda a esperança (1Sm 1,10s). "Senhor, atende o meu grito!" Eu proclamo o poder absoluto do Pai e a mediação do Filho, o seu envio ao mundo e a sua obediência. O Pai preside desde toda a eternidade e tu "inclinaste os céus e desceste" (Sl 28,10; 17,10)... No Jordão, recebeste o seu testemunho. Chamando Lázaro para fora do túmulo, deste graças a teu Pai...; multiplicando os pães no deserto, ergueste os olhos para o céu e proferiste a bênção. Quando foste suspenso da cruz, foi Ele quem recebeu o teu espírito; quando foste depositado no túmulo, foi Ele quem te ressuscitou ao terceiro dia. Tudo isso eu clamo na minha oração; é isso que proclamo ao longo dos meus dias.



(FONTE: Disponível em: <http://evangelizo.org>. Acesso em: 09 ma. 2006.).

Wednesday, March 08, 2006

Cardeal Joseph Ratzinger [Papa Bento XVI]: Retiro pregado no Vaticano em 1983.


"No que respeita a sinal, só lhes será dado o de Jonas"
"Esta geração pede um sianl". Também nós esperamos a manifestação, o sinal do sucesso, tanto na história universal como na nossa vida pessoal. Por isso, perguntamos se o cristianosmo transformou o mundo, se produziu esse sinal de pão e de segurança de que falava o diabo no deserto (Mt 4,3s). De acordo com a interpretação de Karl Marx, o cristianismo dispôs de tempo suficiente para estabelecer a prova dos seus princípios, para provar o seu sucesso, para demonstrar que criou o paraíso terrestre; para Marx, depois de todo este tempo, seria necessário apoiar-nos agora em princípios diferentes.
Esta argumentação não deixa de impressionar muitos cristãos que chegam a pensar que seria necessário, pelo menos, inventar um cristianismo muito diferente, um cristianismo que renunciasse ao luxo da interioridade, da vida espiritual. Mas é precisamente assim que eles impedem a verdadeira transformação do mundo, que se baseia num coração novo, num coração vigilante, um coração aberto à verdade e ao amor, um coração libertado e livre. Na raiz deste pedido descarado de um sinal está o egoismo, a impureza de um coração que só espera de Deus o sucesso pessoal e uma ajuda para afirmar o absoluto do eu. Esta forma de religiosidade é a recusa absoluta de conversão. Mas quantas vezes não dependemos nós mesmos do sinal do sucesso! Quantas vezes não reclamamos o sinal e recusamos a conversão!


(FONTE: Disponível em: <http://evangelizo.org/>. Acesso em: 08 mar. 2006.).

Tuesday, March 07, 2006

Beata Teresa de Calcutá (1910-1997), fundadora das Irmãs Missionárias da Caridade: Não há maior amor.


A oração dos filhos de Deus
A oração, para ser fecunda, deve vir do coração e poder tocar o coração de Deus. Vê como Jesus ensinou os discípulos a orar. Cada vez que pronunciamos o "Pai Nosso", Deus, creio eu, olha para as suas mãos, onde nós estamos gravados: "Eu gravei-te na palma da minha mão (Is 49,16)" Contempla as suas mãos e vê-nos ali, aninhados nelas. Que maravilha a ternura de Deus!Rezemos, digamos o "Pai Nosso". Vivamo-lo e então seremos santos. Tudo está nele: Deus, eu mesmo, o próximo. Se perdoo, posso ser santo, posso rezar. Tudo brota de um coração humilde: tendo um coração assim, saberemos como amar a Deus, como nos amarmos a nós mesmos, como amar o nosso próximo (Mt 22,37s). Não há aí nada de complicado e, contudo, nós complicamos tanto as nossas vidas, agravando-as com tantas sobrecargas. Uma só coisa conta: ser humilde e rezar. Quanto mais rezardes, melhor rezareis.
Uma criança não encontra qualquer dificuldade em exprimir a sua inteligência cândida em termos simples que dizem muito. Não fez Jesus compreender a Nicodemos que era preciso tornar-se como uma criança (Jo 3,3)? Se rezarmos segundo o Evangelho, permitiremos a Cristo que cresça em nós. Reza, pois, com amor, à maneira das crianças, com o ardente desejo de muito amar e de tornar amado aquele que o não é.


(FONTE: Disponível em: <http://evangelizo.org>. Acesso em: 07 mar. 2006.).

Monday, March 06, 2006

S. Cesário de Arles (470-543), monge e bispo: Sermão 26.


Vinde, benditos do meu Pai, recebei o Reino em herança"
Cristo, quer dizer, a misericórdia celeste, vem cada dia à porta da tua casa: não só espiritualmente à porta da tua alma, mas também materialmente à porta da tua casa. Porque, cada vez que um pobre se aproxima da tua casa, é, sem qualquer dúvida, Cristo que vem, Ele que disse: "Cada vez que o fizerdes a um destes pequeninos, é a mim que o fazeis". Não endureças, pois, o teu coração; dá um pouco de dinheiro a Cristo de quem desejas receber o Reino; dá um pouco de pão àquele de quem esperas receber a vida; acolhe-o em tua casa, para que ele te receba no paraíso; dá-lhe esmola para que em troca ele te dê a vida eterna.Que audácia querer reinar no céu com aquele a quem recusas a esmola neste mundo! Se o receberes durante esta viagem terrestre, ele te acolherá na sua felicidade eterna; se o desprezares aqui na tua pátria, ele afastará de ti o seu olhar na glória. Um salmo diz: "Na tua cidade, Senhor, desprezas a imagem deles" (Sl 72,20 vulg.); se, na nossa cidade, isto é, nesta vida, desprezarmos os que foram feitos à imagem de Deus (Gn 1,26), devemos recear ser rejeitados na sua cidade eterna. Praticai, pois, a misericórdia aqui em baixo; ... graças à vossa generosidade, ouvireis dizer esta feliz palavra: "Vinde, benditos, recebei em herança o Reino".


(FONTE: Disponível em: <http://evangelizo.org/>. Acesso em: 06 mar. 2006.).

Sunday, March 05, 2006

Cardeal Joseph Ratzinger (Papa Bento XVI): Retiro pregado no Vaticano 1983.


“Ele ficou quarenta dias no deserto”
Entrando no deserto, Jesus insere-se na história da salvação do seu povo, do povo eleito. Esta história começa depois da saída do Egipto, por uma peregrinação de quarenta anos no deserto. No centro destes quarenta anos colocam-se os dias do face a face com Deus: esses quarenta dias que Moisés passou na montanha, no jejum absoluto, longe do seu povo, na solidão da nuvem, no cume da montanha (Ex 24,18). É do meio destes dias que brota a fonte da Revelação. Nós reencontramos esta duração de quarenta dias na vida de Elias: perseguido pelo rei Achab, ele caminha quarenta dias no deserto, voltando assim ao ponto de origem da aliança, à voz de Deus, para uma nova etapa da história da salvação (1Rs 19,8).
Jesus entra nesta história. Ele revive as tentações do seu povo, as tentações de Moisés. Como Moisés, ele oferece a troca sagrada: ser apagado do livro da vida para salvar o seu povo (Ex 32,32). Assim Jesus será o Cordeiro de Deus, que tira os pecados do mundo; ele será o verdadeiro Moisés que está verdadeiramente “no seio do Pai” (Jo 1,18), face a face com ele para o revelar. Nos desertos do mundo, ele é verdadeiramente a fonte de água viva (Jo 7,38), ele que não se contenta em falar, mas que é ele próprio a palavra da vida: caminho, verdade e vida (Jo 14,6). Do alto da cruz, ele dá-nos uma nova aliança. Verdadeiro Moisés, ele entra pela sua ressurreição na terra prometida cujo acesso foi negado a Moisés e, pela chave da cruz, abre-nos a porta.


(FONTE: Diposnível em: <http://evangelhoquotidiano.org/>
e
<
http://www.catolicanet.com.br/interatividade/liturgias/cont_liturgia.asp?cod=65>.
Acesso em: 05 mar. 2006.).

Saturday, March 04, 2006

João Paulo II: Mensagem aos jovens com vista ao 20º Dia Mundial da Juventude.


“Abandonando tudo, o homem levantou-se e seguiu-o”
Escutar Cristo e adorá-lo conduz a fazer escolhas corajosas, a tomar decisões por vezes heróicas. Jesus é exigente porque ele quer o nosso verdadeiro bem. Chama alguns a deixar tudo para o seguir na vida sacerdotal ou consagrada. Que os que ouvirem este convite não tenham medo de lhe responder “sim” e que se ponham generosamente a segui-lo. Mas, fora das vocações particulares de consagração, há a vocação própria de todo o baptizado: ela também é uma vocação a este “alto grau” da vida cristã vulgar que se exprime na santidade (No início do novo milénio, 31).
Tantos dos nossos contemporâneos não conhecem o amor de Deus ou procuram encher o seu coração com sucedâneos insignificantes. É pois urgente ser-se testemunhas do amor contemplado em Cristo... A Igreja tem necessidade de testemunhas autênticas para a nova evangelização: de homens e de mulheres cuja vida foi transformada pelo encontro com Jesus, de homens e de mulheres capazes de comunicar esta experiência aos outros. A Igreja tem necessidade de santos. Nós somos todos chamados à santidade e só os santos podem renovar a humanidade.


(FONTE: Disponível em: <http://evangelizo.org/>. Acesso em: 04 mar. 2006.).

Friday, March 03, 2006

João Paulo II: Angelus de 10 de Março de 1996.


"Então jejuarão"
Entre as práticas penitenciais que a Igreja nos propõe, sobretudo neste tempo de Quaresma, encontra-se o jejum. Ele comporta uma sobriedade especial em relação ao alimento, salvaguardando as necessidades do nosso organismo. Trata-se de uma forma tradicional de penitência que não perdeu nada da sua sigificação e que talvez se deva mesmo redescobrir, especialmente nesta parte do mundo e nestes meios em que não só o alimento abunda mas onde se encontram por vezes doenças devidas à sobrealimentação.
O jejum penitencial é evidentemente muito diferente dos regimes alimentares terapêuticos. Mas, à sua maneira, pode ver-se nele como que uma terapia da alma. Com efeito, praticado em sinal de conversão, facilita o esforço interior para nos pormos à escuta de Deus. Jejuar é reafirmar a si mesmo o que Jesus replicou a Satanás que o tentava após quarenta dias de jejum no deserto: "O homem não vive apenas de pão, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus" (Mt 4,4). Hoje, especialmente nas sociedades de bem-estar, compreende-se dificilmente o sentido desta palavra evangélica. A sociedade de consumo, em vez de solucionar as nossas necessidades, cria sempre novas, gerando mesmo um activismo desmesurado... Entre outras significações, o jejum penitencial tem precisamente por objectivo ajudar-nos a reencontrar a interioridade.
O esforço de moderação no alimento estende-se também a outras coisas que não são necessárias e traz um grande auxílio à vida do espírito. Sobriedade, recolhimento e oração caminham lado a lado. Pode fazer-se uma oportuna aplicação deste princípio no que toca ao uso dos meios de comunicação de massa. Eles têm uma utilidade indiscutível mas não devem tornar-se os "senhores" da nossa vida. Em quantas famílias a televisão parece substituir, mais do que facilitar, o diálogo entre as pessoas! Um certo "jejum", neste domínio também, pode ser salutar, quer para consagrar mais tempo à reflexão e à oração, quer para cultivar as relações humanas.


(FONTE: Disponível em: <http://evangelizo.org/>. Acesso em: 03 mar. 2006.).

Thursday, March 02, 2006

Liturgia oriental: Ofício da Exaltação da Santa Cruz.


“Tome a sua cruz e siga-me”
Eu te saúdo, cruz vivificante, troféu invencível da piedade, porta do Paraíso, consolação dos crentes, fortificação da Igreja. É por ti que a corrupção foi aniquilada, o poder da morte engolido e abolido, e que nós fomos elevados da terra às coisas celestes. Tu és a arma invencível, o adversário dos demónios, a glória dos mártires, o verdadeiro ornamento dos santos, a porta da salvação...
Eu te saúdo, cruz do Senhor, pela qual a humanidade foi liberta da maldição. Tu és o sinal da verdadeira alegria; quando és elevada, abates os nossos inimigos. Nós veneramos-te, tu és o nosso socorro, a força dos reis, a firmeza dos justos, a dignidade dos pecadores...
Eu te saúdo, cruz preciosa, guia dos cegos, médico dos doentes, ressurreição de todos os mortos. Tu ergueste-nos quando estávamos caídos na lama. Foi por ti que foi posto fim à corrupção e que a imortalidade floriu; foi por ti que nós, mortais, fomos divinizados, e que o demónio foi completamente derrubado...
Ó Cristo, nós veneramos hoje, com os nossos lábios indignos, a tua cruz preciosa, nós que somos pecadores. Nós te cantamos, a ti que a ela quisestes ser preso; e nós te gritamos como o ladrão: “Torna-nos dignos do teu Reino!”

(FONTE: Disponível em: <http://evangelizo.org/>. Acesso em: 02 mar. 2006.).

Wednesday, March 01, 2006

S. Máximo de Turim (? - cerca 420), bispo: Sermão 28.


Quarenta dias que nos conduzem ao baptismo na morte e ressurreição de Cristo
“Ouvi-te no tempo favorável; socorri-te no dia da salvação”
(Is 49,8).
O apóstolo Paulo continua a citação com as palavras: “É este o tempo favorável; é este o dia da salvação” (2Co 6,2). Também eu vos tomo por testemunhas, eis os dias da redenção, eis chegado de algum modo o momento da cura espiritual; podemos aliviar todas as nódoas dos nossos vícios, todas as feridas dos nossos pecados, se nós rogarmos constantemente ao médico das nossas almas, se... não negligenciarmos nenhuma das suas prescrições...
O médico é nosso Senhor Jesus, que disse: “Sou eu que faço morrer; sou eu que faço viver” (Dt 32,39). O Senhor começa por fazer morrer, depois torna a dar a vida. Pelo baptismo, ele destrói em nós adultérios, homicídios, crimes e roubos; depois ele faz-nos reviver, como homens novos, na imortalidade eterna. Nós morremos para os nossos pecados, evidentemente pelo baptismo, retomamos a vida no Espírito da vida... Entreguemo-nos ao nosso médico com paciência para recuperar a saúde. Tudo o que ele tiver descoberto em nós de indigno, de manchado pelo pecado, de corroído pelas úlceras, ele podá-lo-á, cortá-lo-á, retirá-lo-á, por forma a que, uma vez eliminadas todas as feridas do demónio, só exista em nós o que é de Deus.
Eis a primeira das suas prescrições: consagrar quarenta dias ao jejum, à oração, às vigílias. O jejum cura a frouxidão, a oração alimenta a alma religiosa, as vigílias repelem as armadilhas do diabo. Depois deste tempo consagrado a todas estas observâncias, a alma, purificada e provada por tantos exercícios, chega ao baptismo. Ela retoma as forças mergulhando nas águas do Espírito: tudo que tinha sido queimado pelas chamas das doenças renasce pelo orvalho da graça do céu... Por um novo nascimento, renascemos outros.


(FONTE: Disponível em: <http://evangelizo.org/>. Acesso em: 1º mar. 2006.).